Chegar em casa e encarar a gorda da sua mulher era um castigo para o sujeito! Por isso, ele ficava no trabalho fazendo hora até mais tarde. Até o dia que pintou um gerente novo na área, que resolveu que não dava pra ninguém ficar de papo depois da hora. Se ele quisesse ficar, tinha que trabalhar.
Trabalhar depois do expediente era um suplício para o cara! Quando acabava o seu horário, ia até o bar da esquina jogar conversa fora com o seu Manoel, o dono do estabelecimento. Apesar de vascaíno, o portuga não era um energúmeno completo. Até que o filho da puta do filho do galego buzinou nos ouvidos dele que não dava pra ficar aceitando fiado de marmanjo. Se ele quisesse beber, tinha que pagar antes.
Agüentar papo de lusitano vascaíno, e com a garganta seca, era uma merda para o cara! Passou a fazer hora numa pracinha que ficava a uns 2 quarteirões da sua casa. Ficava fazendo palavras cruzadas até o dia que cruzou por ele a mãe da sua mulher. Passou por ali e cismou que ele estava traindo a filha!
Passar por conquistador sem estar comendo ninguém era um vexame para o cara! Resolveu dar em cima de uma telefonista engraçadinha lá da sua seção. Ficavam dando uns arrochos espertos na porta do trabalho, depois do expediente. Mas o tesão era grande e a menina não era a fim de chegar aos finalmente.
Ficar só no roça-roça e no cinco contra um era um inferno para o cara! Aquilo estava deixando o sujeito com o diabo no corpo. Resolveu tratar disso num culto que ficava perto do trabalho. Mas lá só se falava em demo, satanás, cão, lúcifer e belzebu. E o tal do pastor que comandava a igreja cobrava uma taxa de administração pra salvar a galera daquela corja toda.
Pagar caro pra acabar com a sacanagem na terra era uma besteira para o cara! Ele se amarrava numa sacanagem! Fez amizade com o porteiro de um cinema que só passava filme pornô. Via duas sessões e quando chegava em casa a mulher já tava dormindo.
Ter que olhar pra a bruaca da sua mulher depois de ver aquelas gostosas todas no cinema era uma sacanagem pra o cara! Ele já estava ficando doente. Parou de ir ao cinema. Resolveu aceitar o convite de um colega de trabalho e foi numas reuniões do sindicato. Falavam as pampas de um sujeito chamado Lênin, que nunca apareceu por lá. E era um tal de socialismo pra cá, socialismo pra lá…
Ficar fazendo social com uma porção de barbudo desocupado era um saco para o cara! Passou a ficar matando tempo na esquina do trabalho conversando com os bicheiros. Tava tudo legal até que os caras começaram a olhar virado pra ele. Parece que estavam desconfiando que ele era X-9!
Passar por dedo-duro era um absurdo para o cara! Logo ele, que sempre foi malandro! Malandro honesto, mas malandro. E agora, o que ia fazer pra não ter que encarara a mulher? Ficava zanzando pelas ruas até tarde. Entrava em tudo que é beco e ruela. Até que um dia, num desses becos, dois marmanjos o assaltaram. Levaram a grana e a roupa. E não pararam aí. Os filhos da puta ainda enrabaram o cara! Porra! Vê se pode! Ser enrabado era demais para o cara! Ser enrabado era o cúmulo para o cara! Ser enrabado era foda para o cara! Ser enrabado era … era… era… melhor do que encarar a gorda!
hahahahahahahahahahahahaha!!! mt bom, Beto!
essa foi demais pra mim… vou pra casa encarar a gorda …
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Final muito foda! Incrível como todos os textos do Beto prende sua atenção até o fim. Gênio do humor!
-.-‘ encarar a gorda é mais tenso, mas encaro numa boa se a gorda for minha ela entra em minha casa pela porta da frente e se alguém falar alguma coisa eu quebro o cara!