UM TEXTO MEU EM JAPONÊS E CHINÊS

Em 2008, fui convidado para escrever um verbete para um livro que seria lançado no Japão, chamado “100 palavras para conhecer melhor o Brasil”. O livro trazia 100 verbetes em português e japonês, em que vários autores escreviam sobre palavras como forró, futebol , samba, ginga, enfim, palavras que tentavam explicar o Brasil para os japoneses, se é que isso é possível. O verbete pela qual fiquei responsável foi “humor”. Achei muito legal ver um texto meu traduzido para o japonês (e o meu nome escrito em japonês!). Pois não é que o livro fez sucesso e os vizinhos chineses também quiseram conhecer as palavras que explicavam o nosso país. Pois agora o livro foi lançado numa versão em chinês e inglês. E lá está o meu texto em chinês ( e o meu nome também em chinês, quer dizer , se os japoneses e chineses resolveram me sacanear e tascaram um apelido ridículo em mim , eu nunca vou ficar sabendo). Bom , o que interessa é que eu me amarrei. E o que eu escrevi foi isso aí abaixo:

HUMOR
Beto Silva
Humorista , escritor e ator

Muitos pensadores, vários psicólogos, filósofos, historiadores, sociólogos e antropólogos empenharam-se em encontrar uma teoria abrangente para o humor e o riso, mas encontraram muitas dificuldades. De uma maneira geral, humor é qualquer mensagem, expressa por atos, palavras, escritos, imagens ou músicas , cuja intenção é a de provocar o riso ou um sorriso. Mas o humorista brasileiro Leon Eliachar tem uma outra definição que, se não é perfeita, certamente é bem mais engraçada: “ humor é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros”. Na indústria do entretenimento dá-se o nome de humorista ao profissional do humor, qualquer que seja o meio de comunicação em que atue: televisão, teatro, cinema, livros, revistas. Mas existem também os humoristas amadores: o engraçadinho da firma, o gozador da família, o piadista em tempo integral. O Brasil sempre foi muito generoso com quem gosta de fazer humor, assunto é o que não falta. E o brasileiro se aproveita disso e faz graça com tudo. Faz piada com o chefe, satiriza as autoridades , ri da desgraça alheia e da própria. Ri de sua triste sina e arremata: “A gente sofre, mas se diverte!”. E há quem leve o humor tão a sério, que é capaz de perder o amigo para não perder a piada. Mas logo em seguida, preocupado, tenta reconquistar a amizade, e o faz contando uma piada ainda melhor. Afinal, uma pitada inesperada de humor é capaz de desfazer um clima tenso num instante. O humor não tem idade, pátria, religião ou gênero sexual. Ridiculariza teorias que tudo explicam, expõe a céu aberto a vaidade humana, inclusive a do próprio humorista. O humor, e o riso correspondente, podem ser libertadores. É uma forma de o sujeito manter a sua capacidade de brincar, de ser criança de novo por um instante. Como na anedota do menino que fala para a mãe: “Quando eu crescer, quero ser humorista!”. E a mãe responde: “Meu filho, você vai ter que escolher: ou você cresce, ou vira humorista. Não dá pra fazer as duas coisas!”.

O texto em japonês

O texto em chinês:

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2 Comments

  1. Ricardo Costa dezembro 4, 2012 at 7:54 pm

    Não sabia desse teu trabalho, Beto. Fico muito feliz por você, parabéns. Ah, o chinês ficou mais legal.

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  2. joão dezembro 7, 2012 at 12:06 am

    Ótimo texto como sempre. Agora não precisava escrever tudo em maiusculo em Chinês…

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