Um elogio que sempre me incomodou é “coerente”.
“Fulano é um grande sujeito, sempre foi muito coerente”.
É claro que é bom uma pessoa ser coerente quando ela é honesta, boa, dedicada, solidária e mantém seus bons princípios em tudo o que faz.
Mas e se os princípios do sujeito não valem nada?
De que adianta ser coerente se as ideias e atitudes são uma merda?
Um idiota é coerente quando está fazendo algo idiota.
Um babacão é coerente quando está sendo babaca.
Um pereba é coerente quando fura a bola.
Um frangueiro é coerente quando a bola passa por sua mão de alface.
Um bandeirinha vendido é coerente quando aponta impedimento do meu time.
Um tiozão é coerente quando conta pela enésima vez a piada do pavê.
Um mala sem alça é coerente quando enche o saco de todo mundo.
Um chato cutucador é coerente quando fica cutucando sem parar.
Um político ladrão é coerente quando esconde dinheiro na cueca.
Um deputado do Centrão é coerente quando pede um ministério em troca de votos.
Um negacionista é coerente quando está passando covid por se negar a usar máscara.
Então vou logo avisando: Se quiser me elogiar, não diga que sou coerente. Eu posso achar que você está me xingando.
O coerente incoerente tem uma coisa boa. Eles são previsíveis. Um coerente que finge ser coerente, são os malucos imprevisíveis.
Muito bom o texto! Outro adjetivo dúbio que me intriga é “esforçado” . Pode significar que o cara realmente trabalha e dá duro ou só que é meio limitado e só consegue o máximo que pode.