É SÓ UM PROBLEMINHA

Eu morro de medo de diminutivos.
Aqui no Brasil, se o cara mete um “inho” ou “inha”, pode ter certeza que você está na merda.
É coisa de brasileiro, que acha que se colocar diminutivo nas palavras, elas amansam, perdem a força e o problema está resolvido.
Aqui não existe problemão, é tudo só um probleminha.
E eu tenho pavor de probleminhas.
Se é só um probleminha, para que fazer alguma coisa? Deixa rolar, que vai passar.
Se vai demorar um instante, tudo bem, mas se é só um instantinho, ferrou!
Se o produto é caro, ok, mas se é carinho pode ir abaixando as calças.
Se você chega na porta do restaurante lotado e pergunta ao porteiro quanto tempo vai demorar e ele diz: “Ah, é rapidinho!”, é melhor tentar outro restaurante para não morrer de fome.
Dez minutinhos demora infinitamente mais do que dez minutos.
Quilinhos são muito mais pesados do que quilos.
O bebum que vai tomar só uma cachacinha é um sério candidato a uma Perda Total.
Se é só uma dívida, dá para pagar, mas se é uma dividazinha provavelmente será impagável.
Se o médico disser que você vai sentir só uma dorzinha, se prepara para se entupir de analgésicos.
Quando o ministro da economia anuncia uma inflaçãozinha é hora de cortar custos porque o bicho vai pegar.
O Brasil é cheio de diminutivos. E eu cada vez mais odeio eles.
Pudemos ver o poder do diminutivo na sua plenitude quando Bolsonaro chamou a covid de gripezinha.
E o pior é lembrar que o mandato dele dura só mais dois aninhos.

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