Em 1987, eu , Bussunda e Claudio Manoel fomos morar juntos. Nosso apartamento era na rua Von Martius, em frente a sede da TV Globo, mas isso era só um acaso, nem cogitávamos em trabalhar lá. No entanto, em dezembro daquele ano, numa quarta-feira, eu estava em casa me preparando para ir jogar a nossa sagrada pelada, quando o telefone tocou. Era o Claudio Paiva, do Planeta Diário. Ele estava trabalhando na Globo e nos chamou para sermos redatores de um novo programa de humor que assumiria a vaga do programa do Jô Soares, que tinha ido para o SBT. Seria um programa de esquetes todo escrito por uma galera nova. Os atores e atrizes seriam também uma turma nova, que não tinha muita experiência de TV. O programa ia se chamar Tv Pirata.
Animado, parti para a pelada para falar com Claudio, Helio e Bussunda, sabia que eles já estariam lá. Assim que cheguei, contei a novidade. Não me lembro da comemoração, nem pelo convite nem pelos gols que fiz naquele dia.
O Marcelo também foi chamado, mas ele escreveria com o pessoal do Planeta Diário, Hubert e Reinaldo, que também foram convidados para a redação do TV Pirata. Além de nós, do “jornalismo alternativo”, também estavam na redação uma galera que andava bombando no teatro: Pedro Cardoso, Mauro Rasi, Vicente Pereira, Falabela, Patrícia Travassos e outros. Uma redação da pesada.
Eu e Helio trabalhávamos como engenheiros e eu me lembro de falar para Claudio e Bussunda que o salário da Globo deveria compensar a minha saída da Price Waterhouse, senão ia ficar complicado para mim. Claudio e Bussunda foram lá na Globo negociar o contrato. Sentaram em frente ao produtor, que foi logo dizendo que não tinha muita conversa, que o salário era X e que ele não ia negociar. O X já era o valor que eu tinha dito que seria ok para mim, os dois já iam topar, mas demoraram um pouco para responder e o produtor falou: Tá bom, então Y e não se fala mais nisso. Claudio e Bussunda ainda fingiram que não estavam satisfeitos, mas acabaram topando. Na saída da Globo os dois comemoraram muito, o salário era muito mais do que eles imaginaram que seria.
O Helio saiu imediatamente da empresa em que trabalhava. Eu ainda demorei uns dois meses, queria ter certeza de que o meu novo trabalho ia dar certo. Na estreia da TV Pirata eu ainda trabalhava na Price.
Entre vários quadros nossos que entraram no primeiro episódio do TV Pirata, me lembro de uma ideia minha, que me deixou bem orgulhoso. Era um quadro curtinho, algo mais ou menos assim:
Imagens de filme de terror.
Locução – Depois de sexta-feira 13, vem aí…
Imagem de pessoas na praia num dia de sol.
Locução- Sábado, 14. Muito sol, praias e alegria.
Poucos colegas da Price sabiam que eu era redator daquele novo programa, só os mais chegados. Mas o segredo não durou nem uma semana. Logo todo mundo na empresa já sabia daquela minha “vida dupla”. Quando eu falei para o meu patrão que sairia da empresa para ser redator de humor na TV Globo, ele não entendeu nada, ficou perplexo.
Minha nova vida como redator de TV em tempo integral começava ali.
MEMÓRIAS – O INÍCIO DA TV PIRATA

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