O nosso primeiro livro na Objetiva, nossa nova editora, foi a Volta ao mundo de Casseta & Planeta, onde falávamos de países, dicas de viagens, outros povos, por aí. O livro foi muito bem produzido, com várias ilustrações, uma foto de capa muito maneira, mas não vendeu muito bem. Ou pelos menos não vendeu o que se esperava que vendesse. Então um editor da Objetiva chegou para a gente e perguntou: “Por que vocês não fazem um livro de piadas?”
Livro de piadas não era nenhuma novidade, até O Pasquim já havia feito uma antologia de anedotas que fez muito sucesso nos anos 80, mas resolvemos topar o desafio. Saímos recolhendo as piadas que gostávamos. Eu, como editor dos livros do grupo, fui o caçador de piadas mais ferrenho. Comprei até livros americanos de anedotas para garimpar piadas desconhecidas por aqui. Todo dia a galera aparecia com um monte de piadas e contava antes das nossas reuniões de redação. Eu era o principal contador de piadas, já que estava ligado na edição do livro. Só não era chamado de Tiozão da piada, porque acho que a expressão ainda não existia. Mas era uma tarefa profissional, afinal estávamos editando um livro de piadas, era preciso contá-las para poder selecionar as melhores.
As melhores Piadas do planeta… e da casseta também saiu em 1997 e foi um estouro. Rapidamente virou best-seller, ficou em primeiro na lista dos mais vendidos por um ano. Foi de longe o nosso livro que mais vendeu, não sei exatamente qual o número, mas com certeza foram mais de 100 mil exemplares. Em 1998 lançamos o As melhores Piadas do planeta… e da casseta também 2, e nos anos seguintes o 3, o 4 e o 5. Todos venderam bem. O primeiro, supercampeão de vendas, foi relançado em vários formatos: com outra capa, livro de bolso, e-book, áudio-livro, sempre um sucesso.
É claro que muitas piadas que foram publicadas nesses livros lançados no final do século XX, não poderiam ser publicadas no século XXI. Muita coisa mudou, algumas piadas não podem e não devem mais ser contadas. O tempo passa, as coisas avançam, os conceitos mudam, os contextos são outros. Em 2019 , fomos convidados pela UBOOK para relançar o livro em áudio-book, um formato que cresce bastante hoje em dia. Nessa ocasião eu reli os dois primeiros livros de piadas e várias piadas me incomodaram. Não só os tempos mudaram, eu mudei também. Então eu chamei o Helio para me ajudar a editar esse áudio-book. Pegamos o texto original e tiramos todas as piadas que consideramos de mau gosto, anedotas que, para falar a verdade, nem achávamos mais engraçadas. Pois o livro resistiu a essa “limpeza” e continuou muito divertido, fazendo bastante sucesso nessa plataforma de áudio-livros.
Ainda na onda de livros de piadas, em 2002, lançamos As piadinhas do cassetinha, livro de piadas para crianças, que é um dos nossos livros que mais gosto.
E além dos livros de piadas, continuei no meu trabalho de Ministro dos Livros e capitaneei mais algumas obras da literatura “cassetiana e planetiana”, que lançamos também pela Editora Objetiva:
– O avantajado livro dos pensamentos de Casseta & Planeta, que juntava os dois livros de frases num só.
– Relançamos o Manual do sexo manual.
– Seu Creysson, vidia e óbria.
– Seus problemas acabaram – Os melhores produtos das Organizações Tabajara.
– O livro de auto-ajuda Como se dar bem na vida, mesmo sendo um bosta.
– O legítimo livro pirata de Casseta & Planeta. Esse o último que lançamos, em 2007.
Muitos anos depois, em 2018 fomos convidados pelo Eduardo Bueno, o Peninha, para escrevermos um livro de humor que falasse da História do Brasil. Escrevemos o Brasil do Casseta – Nossa História como você nunca riu, lançado pelo selo Estação Brasil da Editora Sextante. Sorteamos os 30 capítulos da História do Brasil e dividimos entre nós para cada um escrever a sua parte. Quer dizer, menos o Reinaldo, que ilustrou o livro com um de seus geniais desenhos para cada capítulo. O livro ficou bem engraçado. Não dá para aprender História do Brasil com ele, mas acho que ele serve para dar vontade de estudar um pouco mais da nossa História e tentar entender como conseguimos chegar até aqui.