Estava andando na rua, quando aconteceu o acidente. Meu braço atingiu o braço do sujeito que vinha na direção contrária. E foi o meu braço esquerdo, justamente onde uso relógio, que bateu no braço esquerdo do cara , que por coincidência também estava usando relógio. Foi relógio contra relógio. Ambos, assustados com o incidente paramos.
– Porra meu irmão , tu quebrou o meu relógio! – o cara já começou agressivo.
– Foi mal, nossos braços bateram , acontece…
– Acontece é o cacete! Meu rolex arranhou … – ele insistiu.
– Pô, desculpa, mas o meu relógio também arranhou…
– É, mas o teu não é um Rolex! – o cara tentava ver se o arranhão havia sido a única avaria no seu relógio , colocou no ouvido – não tá funcionando!
– Foi mal, você deu azar… o meu arranhou mas está funcionando.
– Você vai ter que pagar o meu prejuízo!
– Eu não vou pagar nada, foi um acidente…
– Acidente tem culpado e você foi o culpado!
– Culpado por quê? Tu vinha de lá, eu vinha de cá, os braços bateram…
– Você tava balançando demais o braço.
– Eu estava andando normalmente… eu vou embora.
– Não vai não! Quem vai resolver esse troço é a polícia.
Eu já estava indo embora, mas não acreditei, o sujeito conseguiu chamar um guarda de trânsito em tempo recorde..
– Não se precisa se preocupar não, seu guarda… – falei – … foi só uma batidinha de relógios…
– Só uma batidinha não! Eu vinha na preferencial e ele veio balançando os braços que nem um dançarino de axé!
– Que isso? – eu me enfezei – eu não estava …
– Chega! – o guarda encerrou a discussão – eu vou ter que levar os dois relógios pra averiguação. – Já falou tirando os relógios de nossos pulsos. Eu e o babaca que arrumou confusão ficamos a partir de então, do mesmo lado, ambos contra o guarda.
– Peraí, você não pode levar nossos relógios assim. – o babaca, meu ex-inimigo falou , buscando minha cumplicidade.
– É, é um absurdo! – Reiterei.
O guarda parou, olhou pros relógios, examinou bem e nos devolveu.
– Tá feita a perícia: Rolex paraguaio e Swatch velho. Tão dispensados.
O sujeito foi pra cima do guarda:
– Peraí, meu Rolex não é paraguaio. O senhor pode levar pra alguém que entende de relógio pra comprovar.
Eu deixei o cara ali, defendendo a legitimidade de seu relógio e me mandei, pensando em comprar um relógio novo.
UM ACIDENTE

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Este acidente foi da hora!!