Passei dez dias em Nova Iorque e por estar num grupo de quatro pessoas, resolvemos nos deslocar de táxi em vez de metrô. Como eu sou grande e era o único que falava alguma coisa de inglês, combinamos que sentaria sempre no banco da frente. Nessa brincadeira acabei conhecendo, até mais do que devia, os taxistas novaiorquenhos. Curti taxistas de todos os tipos, é claro que a maioria imigrantes. Argelinos, indianos, bangladeshianos (?), nigerianos, egípcios e outros que eu fiquei sem saber de onde eram porque ficaram calados, aliás, a maioria. Alguns falavam no telefone o tempo todo e em geral em línguas que eu não entendia e às vezes nem identificava. Mas, uns poucos taxistas neviorquenses puxaram assunto comigo e eu respondi no meu arrevesado inglês brasileirense. Acabei travando umas boas conversas com eles.
Um egípcio disse que já havia estado no Brasil no carnaval com a esposa . Falou animado sobre a sua estadia e disse que queria muito voltar. Sozinho dessa vez.
Outro motora, um sujeito de Bangladesh, com um inglês que eu tive muita dificuldade em entender, se entusiasmou quando eu falei que era brasileiro e emendou a falar de nosso futebol:
– Ah, Brasil! Kaká! Robinrro!
– Robinrro, ROBINRRO! – ele repetia e eu logo entendi que ele era fã do Robinho.
– Robinrro is very good!
– Vocês gostam de futebol em Bangladesh? – perguntei.
– Não muito.
– Qual é o esporte nacional de vocês?
– Cricket.
Aí eu entendi porque ele era tão fã do Robinrro.
O papo mais longo foi com um motorista nigeriano, um sujeito muito simpático. Disse que estava há 16 anos nos states, mas amava o seu pais, a Nigéria, queria voltar, mas não dava, porque a situação no seu país estava muito difícil. Falamos de política, de corrupção, do problema do grupo Boko Haram, até que, lá pelas tantas ele mandou uma pergunta:
– Quantas mulheres vocês tem no Brasil?
– Uma.
– Ahhh. Na Nigéria nós temos várias.
– Meu pai tinha onze mulheres.
– Caramba! E você, tem quantas?
– Eu? Só uma. Eu te falei, eu vivo nos Estados Unidos há 16 anos.
Mas o papo que mais mexeu comigo foi com um taxista indiano:
– De onde você é?
– India, e você?
– Brasil.
– Ah, Brasil! Muito bom! Vocês são muito bons em futebol.
– Obrigado.
– Mas não nesse ano, certo?