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MEMÓRIAS – EU VOU TIRAR VOCÊ DESSE LUGAR

Em 1987, eu, Claudio Manoel e Bussunda dividíamos um apartamento, mas nossa parceria no aluguel estava por um fio. Eu trabalhava numa empresa séria (bem séria), a Price Waterhouse. Mas Claudio e Bussunda viviam de bicos. Por conta disso, quando chegava o boleto do aluguel, eu é que pagava. Durante o mês, os dois iam me pagando a parte deles, aos poucos, a conta-gotas. Mas o conta-gotas estava ficando entupido e as gotas não estavam rolando, a situação estava ficando complicada.
O telefonema do Claudio Paiva nos chamando para escrever para o TV Pirata chegou na hora certa em todos os sentidos, inclusive nessa questão do apartamento. Com a grana da TV Globo, pudemos continuar dividindo o apê, e mais do que isso, demos um upgrade. Entramos para a Globo e saímos de frente da Globo. Nos mudamos para uma cobertura em Copacabana.
Mas 1988 reservava ainda outro convite, além do TV Pirata. Um produtor musical, Paulinho Albuquerque, estava fazendo a programação de uma casa noturna, o JazzMania, que ficava no Arpoador. Pelo nome da casa, a programação era toda voltada ao jazz, mas o Paulinho queria que as segundas-feiras fossem diferentes. Ele era fã da Casseta Popular e do Planeta Diário e chamou os dois grupos para se juntarem e fazerem um show.
– Mas a gente escreve revista, nós não somos atores, não fazemos show. – Argumentamos.
– Vocês vão conseguir bolar alguma coisa. – O Paulinho nos convenceu.
Conversamos com a galera do Planeta e resolvemos fazer um show musical. Nós da Casseta , chamamos um amigo do Claudio, o Mu Chebabi, que era músico e começamos a compor uma músicas. Morando juntos, eu Claudio e Bussunda chamávamos o Mu e ficávamos fazendo música até altas horas. As vezes o Helio vinha também. A galera do Planeta também fez umas músicas, Madureira entre eles. Ainda juntamos alguns poucos esquetes e estava pronto o show. Daí vieram grandes clássicos do cancioneiro Casseta&Planetiano, como Mãe é mãe, Reggae da Jamaica, Pastor Josué, Surfista, Tô Tristão, Com tanta gente passando fome, Meu bem e outros.
Demos o nome do show de “Eu vou tirar você desse lugar”, que era o título de uma canção do Odair José. Por quê? Não me lembro, a gente achava legal o cara, que era brega e polêmico.
O Mu Chebabi arregimentou uma banda para nos acompanhar, ensaiamos bastaste e estreamos no Jazzmania com a cara e a coragem. O show estreou praticamente junto com o TV Pirata na TV. E para surpresa de muita gente, principalmente nós mesmo, o show deu muito certo. A gente não desafinava muito e o mais importante era a reação do público: as pessoas riam muito das nossas músicas e esquetes. O showzinho de segunda-feira começou a encher, logo já tinha fila na porta. Então uns caras famosos começaram a aparecer, tudo no boca a boca, que naquela época não tinha redes sociais.
O sucesso foi tanto que acabamos fazendo uma temporada no Teatro Ipanema, sempre com casa cheia. Dali fomos para o Canecão, que era a maior e mais importante casa de shows do Rio. Foi foda, um showzinho completamente sem pretensões acabou gerando um show na maior casa de shows do Rio. E mais ainda: acabou gerando um LP pela Warner, o Preto com um buraco no meio.
Tudo isso graças ao Paulinho Albuquerque, outro cara superimportante em nossa carreira, que acreditou mais na gente do que nós mesmos.

FAKE OLDS

As fake-news mais famosas do mercado atualmente não são mais news há um tempão, mas os seus divulgadores continuam repetindo como se fossem. Na maioria dos casos , as fake-news já são antigas, já deveriam ser chamadas de fake-olds ou fake-very-olds ou fake-almost-deads!
Por exemplo, já se sabe desde meados do ano passado que a cloroquina não tem efeito nenhum para quem tem covid, mas os cloroquiners continuam repetindo que ela funciona. Para se contrapor, a galera grita que isso é fake-news. Fake-news nada! Fake-news é uma expressão muito bonitinha para tamanha mentira. O certo é dizer que é um mentira da braba! Que é sacanagem, invenção, caô, negacionismo! Escolha a sua expressão.
As Fake-news só mereceriam esse nome quando são lançadas, quando ainda fingem que são notícias, no caso falsas. Depois que elas são repetidas milhares de vezes pelos bot e replicadores de plantão, elas já não são mais news, passam a ser única e exclusivamente Mentiras!
Essa expressão importada, fake-news, é uma das maiores fake-news já criadas. Apenas uma maneira perfumada de dizer que algo é uma tremenda mentira. Se for o caso de a expressão continuar sendo em inglês para tentar manter o seu status, seria melhor passar a chamá-las de Fucking-lies.
Portanto, chega de Fucking-lies!

MEMÓRIAS – O INÍCIO DA TV PIRATA

Em 1987, eu , Bussunda e Claudio Manoel fomos morar juntos. Nosso apartamento era na rua Von Martius, em frente a sede da TV Globo, mas isso era só um acaso, nem cogitávamos em trabalhar lá. No entanto, em dezembro daquele ano, numa quarta-feira, eu estava em casa me preparando para ir jogar a nossa sagrada pelada, quando o telefone tocou. Era o Claudio Paiva, do Planeta Diário. Ele estava trabalhando na Globo e nos chamou para sermos redatores de um novo programa de humor que assumiria a vaga do programa do Jô Soares, que tinha ido para o SBT. Seria um programa de esquetes todo escrito por uma galera nova. Os atores e atrizes seriam também uma turma nova, que não tinha muita experiência de TV. O programa ia se chamar Tv Pirata.
Animado, parti para a pelada para falar com Claudio, Helio e Bussunda, sabia que eles já estariam lá. Assim que cheguei, contei a novidade. Não me lembro da comemoração, nem pelo convite nem pelos gols que fiz naquele dia.
O Marcelo também foi chamado, mas ele escreveria com o pessoal do Planeta Diário, Hubert e Reinaldo, que também foram convidados para a redação do TV Pirata. Além de nós, do “jornalismo alternativo”, também estavam na redação uma galera que andava bombando no teatro: Pedro Cardoso, Mauro Rasi, Vicente Pereira, Falabela, Patrícia Travassos e outros. Uma redação da pesada.
Eu e Helio trabalhávamos como engenheiros e eu me lembro de falar para Claudio e Bussunda que o salário da Globo deveria compensar a minha saída da Price Waterhouse, senão ia ficar complicado para mim. Claudio e Bussunda foram lá na Globo negociar o contrato. Sentaram em frente ao produtor, que foi logo dizendo que não tinha muita conversa, que o salário era X e que ele não ia negociar. O X já era o valor que eu tinha dito que seria ok para mim, os dois já iam topar, mas demoraram um pouco para responder e o produtor falou: Tá bom, então Y e não se fala mais nisso. Claudio e Bussunda ainda fingiram que não estavam satisfeitos, mas acabaram topando. Na saída da Globo os dois comemoraram muito, o salário era muito mais do que eles imaginaram que seria.
O Helio saiu imediatamente da empresa em que trabalhava. Eu ainda demorei uns dois meses, queria ter certeza de que o meu novo trabalho ia dar certo. Na estreia da TV Pirata eu ainda trabalhava na Price.
Entre vários quadros nossos que entraram no primeiro episódio do TV Pirata, me lembro de uma ideia minha, que me deixou bem orgulhoso. Era um quadro curtinho, algo mais ou menos assim:
Imagens de filme de terror.
Locução – Depois de sexta-feira 13, vem aí…
Imagem de pessoas na praia num dia de sol.
Locução- Sábado, 14. Muito sol, praias e alegria.
Poucos colegas da Price sabiam que eu era redator daquele novo programa, só os mais chegados. Mas o segredo não durou nem uma semana. Logo todo mundo na empresa já sabia daquela minha “vida dupla”. Quando eu falei para o meu patrão que sairia da empresa para ser redator de humor na TV Globo, ele não entendeu nada, ficou perplexo.
Minha nova vida como redator de TV em tempo integral começava ali.

SUGESTÕES PARA MELHORAR O FACEBOOK

O Facebook anda precisando de umas mexidas. Tudo bem que colocaram um monte de botões, além do velho curtir, mas eles não dão conta do recado. Eu não consigo usar esses desenhinhos.
Tem o “Amei”, um coraçãozinho, que acho meio ridículo usar.
Ao lado um botão com um desenho ininteligível que é para dizer “Força”. Não uso.
Tem uma cara rindo, que é o “Haha”. Mas para mim, haha é pouco, eu preferia que fosse hahahaha. E o kkkk, o rsrsrs, o aushuashua, como é que ficam?
Tem também o “Uau”, que não sei quando usar.
O “triste”, uma carinha com uma lágrima, é o único que faz sentido. Realmente não dá para curtir notícia ruim.
E o último botão é Grrr. Que porra é essa? Não consigo usar.
Os Nerds que trabalham lá no Facebook deviam pensar melhor e criar botões que tivessem mais a ver com a realidade de quem frequenta essa rede social. Só para dar uma força para esses caras, eu vou sugerir aqui alguns novos botões que deveriam ser criados e não sei por que ainda não apareceram.
Que tal o botão “Foda-se”, um dos mais pedidos e desejado por todos. Com certeza ele rapidamente seria mais usado do que o velho “curtir”.
O botão “não concordo”, simples e objetivo,  para não se perder muito tempo tentando responder as elaboradas teorias políticas dos nossos amigos que acham que a opinião deles é tão boa que a gente vai mesmo ler aqueles parágrafos enormes que eles postaram.
Ou ainda, melhor, o botão “enfia”, que seria o equivalente a “enfia esse textão no rabo, que eu não tenho tempo pra ler bobagem”. Esse certamente seria um dos mais usados. Pelo menos, por mim!
O botão “chupa”, que seria uma ótima ferramenta para a gente sacanear os torcedores do time adversário.
O botão “solta o cachorro nele” para gente tentar espantar as postagens com fotos de gatinhos fofinhos que volta e meia insistem em aparecer na nossa timeline.
O botão “Adoraria, mas nem fudendo” pra gente responder aos trocentos convites que nos mandam por dia no face.
O botão “peteleco na orelha” para entrar no lugar das cutucadas, que já saíram de moda. Já está provado que os chatos são um público grande no Face, e todo chato sente falta de cutucar os outros e vai adorar poder dar um peteleco na orelha virtual.
E aí, alguma outra sugestão?

MEMÓRIAS – A REVISTA

A revista Casseta Popular teve 53 números lançados, de 1986 a 1992. Passamos por várias editoras. Começamos na Núcleo-3, a mesma editora do Planeta, mas só ficamos 3 números por lá. Logo conhecemos um cara que foi muito importante para a revista, o Toninho Mendes. A sua editora, a Circo Editorial, que ficava em São Paulo, já tinha um papel de destaque na área do humor e dos quadrinhos. A Circo publicava o Laerte, o Angeli e o Glauco, com suas revistas incríveis como a Piratas de Tietê, a Chiclete com Banana e outras. O Toninho topou nos publicar e a partir do número 4, nós passamos a ser mais uma das revistas da Circo. O Toninho sabia tudo de revistas e a revista tomou ares de coisa profissional. A partir do número 6, o Roni Bala disse que queria se dedicar ao trabalho dele e saiu da revista. A redação passou a ser eu, Helio, Claudio, Bussunda e Madureira.
Nesse processo de profissionalização que aconteceu com a troca de editora, a revista agora tinha um jornalista responsável, o Emanoel Jacobina. Ele também era o nosso gerente, tomava conta da parada toda. Logo, o Emanoel passou a fazer parte da redação com o nome de Mané Jacó. Alugamos uma sede que ficava no Centro da cidade, na Cinelândia, na rua 13 de maio. Era lá que nos encontrávamos para escrever a revista. As reuniões eram quase sempre nos finais de tarde, já que alguns de trabalhavam. Normalmente nós, os que trabalhavam, éramos os primeiros a chegar, já que a galera que vinha da praia quase sempre atrasava. Sabe como é, Ipanema fica longe da Cinelândia.
Não ficamos muito tempo no Centro. Logo fomos para a praça Onze num prédio que era alugado pelo pai do Claudio Manoel. A nossa nova sede era grandinha, um andar inteiro, mas tinha pouquíssimos móveis. A sede da Praça Onze virou sinônimo da revista para mim. Ali aconteceu bastante coisa. A revista estava vendendo bem e começamos a produzir as camisetas para vender. As primeiras três foram “Vá ao teatro… mas não me chame”, “Liberdade ainda que a tardinha” e “Casseta Popular… Eu leio e entendo”. Logo bolamos outras camisetas e a campeã de vendas sempre foi a que trazia a frase “Ê povinho bunda” no lugar do Ordem e Progresso, numa bandeira brasileira estilizada.
A Circo publicou 7 números da revista, inclusive um número que teve que mudar de capa. Colocamos um Jesus Cristo gay na capa e mandamos os originais para São Paulo. O Toninho nos ligou, disse que ele tinha achado a capa do caralho, mas os jornaleiros estavam se recusando a vender a revista. Propôs que mudássemos a capa. Topamos e mandamos uma capa em que um menino passava a mão na bunda do papa. Aparentemente não há problema em passar a mão na bunda do Sumo Pontífice e a revista foi distribuída normalmente.
A nossa experiência com a Circo Editorial foi muito legal, o Toninho Mendes nos ensinou muita coisa, mas partir da revista número 11, saímos da Circo e passamos a produzir nós mesmos a revista, pela nossa editora, a Toviassu Produções Artísticas.

CHATO, CHATO, CHATO

ESSE TEXTO FAZ PARTE DO MEU E-BOOK “RINDO NAS REDES SOCIAIS”.

CHATO, CHATO, CHATO

Estive com um chato no último fim de semana. Não sei explicar exatamente porque o cara era chato, mas ele era. Ninguém soube me dizer por que o cara era chato, mas ele era e pronto. Chato é assim, é inexplicável, não dá para dizer o que faz um cara chato. Às vezes o cara é inteligente, gente boa, do bem, mas é chato. Fiquei pensando sobre isso e acabei fazendo uma pequena classificação:
Chato amigo de infância – Você até gosta do cara, tem um carinho por ele, pois foi alfabetizado com o cara, teve os mesmos professores, os mesmos amigos, mas ele continua ao seu lado. Chateando…
Chato com causa – sempre tem uma boa causa e conta com a sua ajuda. Você não pode negar o apoio às crianças com fome, aos pobres oprimidos, as vítimas da ditadura, mas dá pra negar estender o papo com o cara por mais de dois minutos. 
Chato cutucador – às vezes ele nem é tão chato, mas o dedo é,  e não para de te cutucar até você ficar com uma marca na barriga. A marca do chato.
Chato burro – um dos piores tipos, o chato que acumula.
Chato calado – O cara nem fala, não emite opinião sobre nada, mas mesmo assim é chato. Vai entender.
Chata bonita – É difícil admitir, mas esse tipo existe. Ela é maravilhosa, espetacular, tem um corpaço, mas é chata pra cacete! Melhor em foto.
Chato na internet – Ao seu lado ele é legal, mas os seus emails são insuportáveis, não dá pra aguentar ele no Whatsapp e o cara é uma mala no Facebook. E tem o contrário: o sujeito virtual é o máximo, mas ao vivo é uma mala.
E tem mais, muito mais:
O chato sensível, o chato moderno, o chato cantor, o chato poeta, o chato bonito, o chato sabe-tudo, o chato depressivo, o chato artista, o chato que queria ser artista, o chato de sucesso, o chato superatleta e o chato chato.
O assunto é inesgotável. A minha paciência é que não é.
Espero não ter sido chato.

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RINDO NAS REDES SOCIAIS

MOTOCIATAS E MOTOMINIONS

Não sei andar de moto. Nunca soube, nem tive vontade de aprender. Mas fora não concordar com a existência da tal terceira pista de trânsito, aquela que os motociclistas usam no meio das pistas dos carros, de maneira geral não tenho nada contra as motos.
As motos no Brasil são muito populares. É um transporte barato e rápido, principalmente depois do advento da pista exclusiva de motos. O crescimento do mercado de entregas aumentou ainda mais a quantidade de motos que vemos o dia inteiro nas ruas. Ter uma moto no Brasil é uma maneira de se livrar do transporte público. E também uma boa possibilidade de descolar um trocado fazendo delivery.
Mas nas motociatas a favor do Bolsonaro, surgiram para mim duas novidades:
A palavra Motociata, que eu nunca tinha ouvido; e a existência de Motominions, uma categoria que eu não sabia que existia.
Eu entendo que motociata é uma versão motociclística da passeata e da carreata. Só não entendo porque a motociata não se chama motocEata. Sendo uma manifestação política, também poderia ser chamada de motofestação? Ou ainda melhor: motoInfestação? E também não entendo porque numa motociata as motos andam nas pistas dos carros e não na sua pista exclusiva.
Já os motominions me deixam perplexo. Os motociclistas que vão às motociatas não são entregadores de Ifood. Aquilo não é um enorme mutirão de entrega do Rappi. Ali todo mundo é bolsonarista de carteirinha. Além de gostarem de andar armados, ser terraplanistas e não acreditarem em vacinas, os bolsonaristas também são motoqueiros. Se você é bolsominion e não tem moto, se cuida, você está fraquejando e o seu próximo passo pode ser assistir a Globolixo.
Mas a principal coisa que não entendo nas motociatas é porque os motominions não se incomodam de usar capacetes, aquele trambolho enorme que aperta a cabeça, mas acham que usar máscara incomoda. Quem sabe se disséssemos a eles que a máscara é como se fosse o capacete da covid, eles entendessem e passassem a usar?