– Pega esse negócio ali pra mim, por favor.
– Que negócio?
– Esse, que está ao lado desse troço aí?
– Isso aqui?
– Não, essa coisa aí…
– Tem milhões de coisas aqui.
– Essa parada que tá aí, bem na sua frente, pô!
– Se você não diz o nome, fica difícil.
– Pô, esse treco aí!
– Isso aqui?
– Não! Caraca! Essa bodega aí! Tá na sua cara!
– Na minha cara só tem o óculos!
– Não vai pegar essa porra que eu tô pedindo?
– Não grita, pô!
Me levantei e peguei eu mesmo. E ainda esbravejei:
– Era essa caralha aqui que eu queria!
– Ah, o controle remoto.
– Então, eu tô o tempo todo falando e você não entende!
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VOTE EM MIM! 2
MODERNIDADES
A tecnologia avançou demais , mas mesmo assim as comunicações estão cada vez mais lentas. O caso mais conhecido é o do futebol: você está vendo o jogo na sua televisão mega-foda-digital-plus-blaster e aí de repente escuta o grito de um gol. É o porteiro que está ouvindo o jogo no radinho de pilha que fica sabendo do gol uns 30 segundos antes de você, seu moderno de merda!
Hoje se você quiser ter notícia de alguém, o que você faz? Manda uma mensagem de whatsapp para o cara. Ele vai demorar uma hora ou mais para ver a sua mensagem e responder. E você vai demorar outra hora ou mais para saber que ele respondeu e provavelmente a resposta será um polegar para cima. Ou seja, detalhes nem pensar. Aí você pergunta pelos detalhes e mais duas horas se passam até vir a resposta. Isso porque por algum motivo hoje em dia ninguém mais usa o celular para telefonar, é quase proibido, talvez seja até pecado. Antigamente sem ter outra alternativa você telefonava, e quando a outra pessoa atendia você conseguia saber na hora tudo o que queria saber. Simples, rápido, prático. Telefonar é um verbo que está até em desuso e para você que não entendeu eu explico de uma maneira moderna: é o ato de usar o telefone celular para falar em tempo real com outra pessoa.
Tecnologia muitas vezes atrasa a parada. Como num elevador ultramoderno de um hotel em que me hospedei ano passado, antes da pandemia. Você entrava na cabine, digitava o andar que você queria ir e então vinha a novidade: Você ainda tinha que teclar enter no mostrador. Ou seja , aqueles elevadores velhos e atrasados do passado , quando você apertava um só botão para que o elevador fosse até o andar que você quer, devem estar com os dias contados.
COVID-CIONÁRIO
São muitas mudanças na nossa vida por conta da Covid19. Até no futebol
as coisas estão mudando. Já nos acostumamos a ver jogos com estádios
vazios. Antes da pandemia só os torcedores do meu Fluminense e do
Botafogo sabiam o que era isso. E agora estamos também nos
acostumando a contar o número de jogadores infectados por Covid que
serão substituídos no próximo jogo do nosso time. Dizem até que naquele
joguinho da Globo, o Cartola, além de escalar o seu time, o cartoleiro vai
ter que dizer quantos jogadores do time dele vão pegar Covid.
Mas entre as várias novidades da pandemia, uma me chama a atenção. As
novas palavras criadas. Lendo um jornal, me deparei com uma delas:
covidário. Estava na manchete. Entendi que covidário é um local em que
um monte de gente pega covid. Ou seja , podem ser covidários os aviões
de times de futebol, as posses de ministros do STF, as praias de domingo,
o Rio de Janeiro, o Brasil…
Mas várias outras novas palavras estão surgindo. Já está até sendo escrito um Covid-cionário.
Veja algumas das novas palavras:
Covidado – É o convidado que traz a Covid para a festa.
Covidvência – Quem tem convivência com alguém com covid.
Corona Pirus – Quem pira por conta do corona vírus
Assintemático – Pessoa que só fala de um assunto: que teve covid, mas foi
assintomático.
Assintomatemático – Sujeito que vive repetindo várias estatísticas e
números que justifiquem sua saída à rua sem máscara
VOTE EM MIM!
PEDINDO VISTA NA VIDA
Aí o julgamento da inelegibilidade do Crivela no TSE já estava 6×0, quando chegou um juiz e resolveu pedir vista. Ele colocou o processo debaixo do prazo e levou para casa para estudar melhor, mesmo com o resultado já definido. E ele pode ficar o tempo que quiser estudando o caso. Esse negócio de pedir vista sempre me revoltou. Pô, não teve tempo de estudar, diz que não rolou, que não pode votar, mas levar para casa depois de já estar tudo decidido?
Mas aí eu comecei a pensar de outra maneira. Em vez de lutar contra esse mecanismo estranho da Justiça Brasileira, vamos nos adaptar a ele. Se você pensar mais amplamente, com a cabeça aberta, esse negócio de pedir vista, botar o processo debaixo do braço sem prazo para devolver pode ser interessante.
Por que a gente não adapta isso para a vida? Já pensou?
A prova de matemática está na sua frente, você não sabe responder nenhuma questão. Aí você pede vista para estudar mais em casa. E não tem prazo para fazer a prova de novo. Não é uma boa?
O boleto chegou e você não tem como pagar? Pede vista.
O banco te cobrou juros sobre um empréstimo? Pede vista.
O patrão te mandou embora? Pede vista.
A namorada te deu um pé na bunda? Pede vista.
O teu time está prestes a cair para a segunda divisão? Pede vista.
Pedir vista é uma ideia maneira.
FAZENDO FIGA
Eu sou ateu. Mas confesso que tenho algumas crenças que posso dizer que são quase religiosas, manias que tenho que não sei explicar porque continuo fazendo, mesmo sabendo que elas não têm nenhuma interferência na realidade. Eu creio no poder das 3 batidas na madeira para espantar os maus pensamentos. Toda vez que algo ruim passa pela minha cabeça, eu procuro algum objeto de madeira que esteja próximo e dou três soquinhos nele. E repito esse gesto várias vezes, quase como um TOC. Por quê? Não sei.
Eu acredito também na força da figa para evitar gols dos adversários do meu time. Figa vocês sabem o que é, né? É colocar o dedo polegar entre o indicador e o dedo do meio. Toda vez que o adversário pega na bola eu faço figa com a mão direita, como se isso, mais do que o esquema defensivo de meu time, fosse capaz de evitar gols do adversário. Eu só não faço figa quando o adversário bate pênaltis, para não forçar demais a minha crença no poder da figa como aniquilador do ataque do outro time.
Pois é, eu tenho fé nas três batidas na madeira e na figa, mas não fico tentando convencer os outros a acreditar nas 3 batidas na madeira ou no poder da Figa. Não saio pelo mundo apregoando o “3-batidismo-na madeira” ou o “Figoismo” para arrecadar fundos ou arrebanhar fiéis, e muito menos seria capaz de matar quem não acredita nessas minhas crenças ou mesmo desencadear uma guerra por conta delas. E se alguma dessas ideias expansionistas passar pela minha cabeça, mesmo de leve, eu prontamente farei uma figa e baterei três vezes na madeira para espantar esses pensamentos!
O CERVEJEIRO GOURMET
AUIKA!
Cientistas acham que pode haver vida em Vênus. Eles chegaram a essa conclusão depois de analisar um gás lá no planeta. Bacana, parece até que os caras são fodões, mas na verdade esses caras estão muito atrasados. Eu já sabia disso desde criança e não precisei analisar gás nenhum. Aliás, eu não só sei que existe vida em Vênus, como sei quem mora lá: são os Incas Venusianos. Os cientistas não assistiam National Kid, meu programa favorito quando devia ter uns quatro anos de idade.
Aliás, eu nunca entendi a obsessão do cinema americano por Marte. Os alienígenas em Hollywood são sempre marcianos, nunca são de Vênus. Mas os japoneses já sabiam que se existe vida fora da terra, ela está em Vênus, não em Marte. E sabem também que esses moradores de Vênus, os Incas Venusianos, são muito perigosos. Até o National Kid penou para derrotá-los.
Falando de National Kid, muita gente lembra da frase “Celacanto provoca maremoto”, que ficou famosa quando foi pichada em vários muros do Rio de janeiro há um tempo atrás.

Mas pouca gente recorda que é do National Kid o momento mais triste da dramaturgia mundial, a cena que mais me fez chorar na vida em qualquer filme ou seriado. Foi quando, no último episódio, o National Kid se despede de seus amiguinhos terráqueos e volta para o seu planeta. Eu, criança, me debulhei em lágrimas, chorei rios, como nunca mais fiz em minha vida diante de uma tela de TV ou cinema. Mais um ponto para os japoneses!