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MEMÓRIAS : AS ORGANIZAÇÕES TABAJARA

As Organizações Tabajara foram lançadas ainda na época do programa mensal. Surgiu como uma sátira aos infomerciais, aquelas longas propagandas de venda de produtos que lotavam as TVs nos anos oitenta. Criamos a nossa personal Empresa de Produtos inúteis, as Organizações Tabajara.
O primeiro produto Tabajara foi a Bomba Atômica Tabajara, uma bomba pessoal que qualquer pessoa podia ter. A propaganda fez sucesso e começamos a criar mais produtos desse tipo, ideias para resolver os problemas das pessoas no dia-a-dia de uma maneira inusitada. Assim começamos a bolar uma infinidade de produtos Tabajara, todos com os seus nomes em inglês, porque o povo leva mais a sério produtos que tem nome em inglês.
Os anúncios tinham um texto padrão. Uma série de perguntas eram feitas ao “consumidor”, para saber se ele tinha determinado problema no seu dia-a-dia. Depois que ele confirmava que sofria com a falta de algo que resolvesse essa necessidade, o locutor mandava:
– Pois agora seus problemas acabaram!
E o produto revolucionário era demonstrado.
Assim vieram:
– o Adesive Plus Emagreceitor Tabajara, um adesivo que tampava a boca da pessoa impedindo-a de comer.
– Alarme Anti-azarator Tabajara – um alarme que avisava ao marido quando a sua mulher estava levando uma cantada.
– Papai-Milk-System Tabajara – Um produto que permitia aos homens amamentarem os seus bebês.
– Higienic Paper Remote Control Plus Tabajara – Um carrinho acionado por controle remoto capaz de levar papel higienico ao banheiro quando ele acabasse no meio da “obra”.
– Cara Digitalizater Tabajara – Que colocava uma cara digitalizada na pessoa quando ela não quisesse ser reconhecida. E ainda acrescentava uma voz de pato.
Foram tantos produtos Tabajara que nem mesmo nós temos ideia de quantos foram, talvez centenas deles.
Em 2002 foi feita uma exposição dos produtos Tabajara. A Expo-Tabajara aconteceu no Rio e em São Paulo e foi um sucesso. O catálogo da exposição acabou nos dando a ideia de fazer um livro sobre as Organizações Tabajara e em 2004 lançamos o Seus Problemas Acabaram, um livro que trazia os melhores produtos das Organizações Tabajara.

Uma curiosidade: Depois que lançamos vários produtos Tabajara, eu fiz uma viagem de férias a Londres e descobri numa livraria um livro japonês que tinha fotos de vários produtos inúteis. O livro era o “101 unuseless japanese inventions”, de Kenzi Kawakami. Os produtos eram muito similares aos produtos Tabajara. Adaptamos alguns dos produtos japoneses para propagandas Tabajara. Quando nós fomos ao Japão para gravar um especial de final de ano, conseguimos o endereço do autor do livro que comprei em Londres e fomos falar com ele. Kenji Kawakami, além de autografar os nossos livros, nos deu autorização para usar os produtos do livro no programa.

Aos poucos a palavra Tabajara virou um sinônimo para coisas sem utilidade ou malfeitas. E o sucesso dos produtos Tabajara obrigou alguns produtos que se chamavam Tabajara a mudar de nome.
Mesmo depois de tanto tempo fora da TV, volta e meia as Organizações Tabajara são lembradas até por jornalistas, políticos ou figuras públicas. É só surgir uma proposta de lei esdrúxula ou qualquer ideia ridícula de inovações inúteis na política ou economia que já se tasca que aquilo é Tabajara. Tabajara já virou um adjetivo, e como tal é escrito com a inicial minúscula: tabajara. Tudo bem que tabajara é uma palavra meio tabajara, mas bem que podia ser dicionarizada, não é? Ou será que um dicionário que contenha a palavra tabajara é um dicionário Tabajara?

O VALOR DO BLOCK

O block nas redes sociais sempre foi muito bem-vindo. Às vezes não há solução melhor a se tomar a não ser despachar de vez a mala de sua timeline com um block em sua cara.
Em algumas ocasiões você ainda tenta manter uma conversa civilizada com uns pentelhos negacionistas nas redes sociais, mas com certos caras é impossível, não se consegue nada além de aumentar a agressividade da mala sem alça. Então, depois de algum tempo, quando você finalmente se convence que seus argumentos não são tão geniais a ponto de fazer o sujeito mudar de opinião, a solução que se impõe é mesmo bloquear a figura, que, como mágica, some de sua timeline. Nestes momentos o block no Face ou no twitter pode ser libertador, em todos os sentidos.
Foi o que fiz com um cara, bloqueei ele em todas as redes sociais, mas o problema é que que eu conhecia o sujeito fora da internet. E , pior, ele morava perto de mim. Não demorou muito e nos encontramos quando fiz algo que venho fazendo muito pouco há mais de um ano: saí na rua.
– Você me bloqueou! – Foi a frase do cara que serviu de cumprimento.
– É verdade. Foi mal. Isso acontece…
– Não acontece não. Isso é muito grave. Você me tirou do seu círculo de amizades.
– Só no Twitter.
– No Facebook, no Insta e Whatsapp também!
– É… Mas é que a gente pensa de maneira muito diferente e eu não estava curtindo muito as suas postagens.
– Precisava Bloquear?
– Mas você fazia comentários absurdos nas minhas postagens!
– Qual é o problema? Não pode discordar de você? Tu é de vidro, quebra se não concordam contigo?
Resultado: Discutimos em plena rua. Aos berros. E a discussão ainda piorou quando o sujeito tirou a máscara para que seus gritos fossem mais bem entendidos. Gritei para ele colocar a máscara de volta e como resposta ele se aproximou ainda mais e passou a falar cuspindo, só de sacanagem. Ainda tentei pegar o meu celular e ver se os gênios lá do Silicon Valley já tinham incluído uma opção de bloquear as pessoas na vida real, mas ainda não rola. Esses nerds definitivamente estão muito atrasados.

MEMÓRIAS – OS DISCOS DE CASSETA & PLANETA

Quando o programa virou semanal, em 1998, paramos de fazer todas as outras coisas que fazíamos. Não fizemos mais shows e não gravamos mais discos. Foi o fim da nossa carreira musical, para comemoração de alguns , que achavam que nós éramos uns picaretas nessa área, e tristeza de outros, que acho que era a maioria, que adorava as nossas músicas.
A nossa carreira musical foi marcada pelo lançamento de três discos. Se você não sabe o que são discos, digamos que era uma espécie de spotify físico. Foram o Preto com buraco no meio, que saiu em LP e cassete, o Para comer alguém, em LP, e CD, e The bost of Casseta & Planeta, só em CD. Procurem no Google para saber o que são Lps, cassetes e Cds. Nós fomos os autores de todas as letras, sempre junto com o Mu Chebabi, que fazia as músicas.
O primeiro disco, o Preto com buraco no meio, foi o que fez mais sucesso. Veio na esteira do sucesso do nosso primeiro show. Foi lançado em 1989 pela Warner, que deu carta branca para o produtor Paulinho Albuquerque produzir o disco. O Paulinho, que foi o diretor do nosso show, era um produtor de responsa e conhecia todo mundo no mundo musical.
A gente cantava as musicas no show, mas quando pisasse num estúdio toda a nossa desafinação ficaria evidente, mesmo com todos os equipamentos afinadoraizers e enganaizers que já havia no mercado. Então o Paulinho partiu do principio de que a base musical teria que ser fodaça. Assim a banda que nos acompanhava nos shows foi substituída pelos melhores músicos que havia para fazer as bases Só tinha craque tocando. Guitarristas como Torcuato Mariano, saxofonista como Leo Gandelman, por aí. Um dia durante uma gravação o Paulinho me falou o seguinte:
– Trouxe um percussionista que é um cara novo , mas é foda. O cara trouxe três Kombis de instrumentos de percussão pra gravação. O cara novo que era foda era o Carlinhos Brown.
Acabou que a nossa cantoria não ficou tão mal assim e o disco ficou maneiro. As duas músicas que fizeram mais sucesso foram Mãe é mãe e Tô Tristão. A gente foi a vários programas de TV para divulgar o disco, onde cantava principalmente Mãe é mãe e o Tributo a Bob Marley (Reggae da Jamaica), já que o outro sucesso do disco, o Tô Tristão não dava para tocar na TV. Outras músicas do disco: Diga, Com tanta gente passando fome, Adolescente, Rap do vagabundo, Meu bem, Mobral, Mama Austria. A última música do disco era Punheta, mas que vinha com um aviso de que Punheta tinha sido proibida de tocar em todo o território nacional.
O nome do disco, Preto com buraco no meio, veio da ideia de que, quando nos entrevistassem, os jornalistas certamente fariam essa pergunta:
– Como é o Lp?
E a nossa resposta então seria:
– É preto com um buraco no meio. – Que era o formato dos LPs.
Mas quando o Lp foi lançado a capa acabou sugerindo outra interpretação , já que trazia um negro furando com uma britadeira um LP. O Tim Maia , já puto com a imitação que o Bussunda estava fazendo dele, disse que a capa era racista e assim a polêmica estava lançada. Não fugimos de discutir o assunto, fomos até a debates para garantir que não havia nenhuma conotação racista.
Só mais um detalhe: Na faixa Tributo a Bob Marley tivemos a participação especial de Djavan, justamente cantando a parte que fala dele: “Tentei ir pra Paris, Londres, Amsterdã, ganhar alguma grana imitando o Djavan”.

Em 1994 lançamos o Para comer Alguém, pela gravadora Velas. Algumas músicas: Nietzsche, Moqueca, Paulista, Mauricio, Surfista e Apogeu e Gloria ao Rock’n roll. A música Dance dance tinha a participação da Fernanda Abreu.

O terceiro disco foi uma compilação, o The bost of Casseta & Planeta, lançado pela Som Livre.
Outro dia fiz as constas e constatei que sou co-autor de 17 músicas. Achei legal, posso até botar no meu currículo que sou compositor.

MUDANÇAS NA PANDEMIA

A pandemia ainda não tem data para acabar , mas já dá para constatar que todas as previsões dos especialistas de várias áreas não se cumpriram. O ser humano não ficou mais solidário, nem menos egoísta, continuamos os mesmos, mas algumas coisas que já estavam acontecendo, aceleraram e outras que ninguém pensou, aconteceram:
– Fim dos ferros de passar – Ninguém mais passa as roupas. O ferro de passar em pouco tempo será uma relíquia que ninguém mais vai saber pra que serve.- Dinheiro – Lá fora uso do dinheiro vivo já estava em declínio antes da pandemia, e com as pessoas ficando em casa por conta do vírus, comprando tudo pela internet , as notas de papel foram ainda menos usadas. Só turista brasileiro pagava tudo com dinheiro no exterior e sem brazucas viajando, as notas escassearam de vez. No Brasil o caso é outro , já que aqui, dinheiro vivo em malas ou cuecas parece que nunca vai sair de moda.
– O fim das calças sociais – Com a proliferação de reuniões e encontros virtuais, a necessidade de se colocar calças para acompanhar os ternos e gravatas se tornou completamente desnecessária.
– Moletons – Ao contrário das calças sociais, as calças de moletom entraram em alta, tudo se faz com elas. Não duvido nada que assim que os trabalhos voltarem a ser presenciais, as pessoas continuem a usá-las na parte de baixo, mesmo que super vestidas da cintura para cima.
– Sapatos – Muitas gente desaprendeu a usar sapatos e quando precisou calçar um par de sapatos , ficou cheio de calos, com os pés clamando pela sandália companheira de toda a pandemia.
– Novas palavras – Em toda crise algumas palavras saem das sombras e tomam as ruas. Foi o caso de quarentena, lockdown, live ou cloroquina. E outras que a gente ouvia, acaba tendo um significado diferente. Protocolo antes da pandemia era só aquele número enorme que nos davam quando a gente ligava para pedir algum serviço. Agora o tratamento tem protocolo, o atendimento tem protocolo, tudo tem protocolo e não é um número gigante. Outra palavra que está sendo muito usada é variante. Tem variante alfa, beta, gama e de outras letras gregas. Para mim, até a pandemia variante era isso:

CONVERSA NO CELULAR

ESSE TEXTO FAZ PARTE DO MEU E-BOOK “RINDO NAS REDES SOCIAIS”:

Eu estava na fila do caixa eletrônico, quando chegou uma moça colada em seu celular, conversando em altos brados. Como a fila era grande e lenta, eu e todos os integrantes da fila fomos obrigados a escutar a conversa da moça, ou pelo menos o seu lado da conversa. A moça gritava impropérios, acusando uma amiga de ser metida a besta, porque passou por ela e não a cumprimentou direito. Depois de uns cinco minutos acompanhando, resolvi dar o meu palpite:
– Acho que você está sendo injusta com a sua amiga – falei.
A moça do celular estranhou. Mas continuou sua conversa no celular. Repeti:
– Eu acho que você tá sendo injusta com a sua amiga.
– Você tá falando comigo? – ela me perguntou.
– Estou. Estou dando a minha opinião sobre o assunto.
– Como assim? Por que o senhor acha que pode entrar assim nos meus assuntos particulares?
– Porque eu estou aqui há um tempão escutando a sua conversa e tenho o direito de participar também.
– Não! O senhor não pode participar da minha conversa. É assunto particular.
– Nesse volume que a senhora está falando , a sua conversa não pode ser particular, ela é pública.
– A minha conversa não é pública, é particular.
– Claro que é pública. Eu já sei que a sua amiga é metida a besta , que ela está gorda, que não sabe se vestir, sei até que o marido dela é corno.
– Eu não disse isso, eu disse que acho que ele é corno – ela percebeu que estava me dando conversa e voltou a atacar – o senhor não tem nada a ver com isso!
– Eu não tinha nada a ver com isso, mas como a senhora está aí falando alto tudo isso sobre a sua amiga , eu já me considero íntimo dela, e quero dar o meu palpite. Aliás , eu só não, todo mundo aqui na fila quer participar, não é gente?
– Éééé! – As pessoas da fila responderam fazendo um corinho.
Uma senhora que estava atrás de mim se animou:
– Eu não concordo com ele. – apontou pra mim.
– Tá vendo. – A moça do celular falou – Nem todo mundo é como o senhor. Ela sabe que a minha conversa é particular.
– Não, com isso eu concordo com ele, a gente já está sabendo de tudo da vida da sua amiga. O que eu não concordo é que eu acho que você está sendo justíssima, amiga besta tem que ser maltratada mesmo.
– Eu não acredito ! – A moça resolveu voltar a falar com a interlocutora no telefone, fingindo que não era com ela – Você acredita que as pessoas aqui da fila querem dar palpite na nossa conversa?
A interlocutora do outro lado falou alguma coisa.
– O que ela acha? – Eu perguntei.
– Não interessa! – A moça respondeu ríspida.
– Claro que interessa! Nós queremos participar da conversa também.
– É, a senhora não está sendo democrática, mocinha! – Foi uma outra senhora da fila que falou.
– É verdade. Coloca a sua amiga no viva-voz senão a gente não consegue participar direito da conversa.- Um rapaz propôs.
Todos concordaram e começaram um corinho:
– Viva-voz! Viva-voz! Viva-voz!
Desta vez a moça não respondeu. Nem colocou seu celular no viva-voz para atender aos pedidos do povo da fila. Ela simplesmente desistiu da fila do caixa eletrônico e foi embora. Sem desligar o celular, é claro.

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MEMÓRIAS – CASSETA & PLANETA VIRA SEMANAL

No final de 1997, início de 1998, a Tv Globo passou por uma mudança radical. O todo-poderoso Boni saiu da empresa e no seu lugar entrou a Marluce Dias, o que teve reflexo em muitas áreas da empresa. Para comandar a programação da emissora, A Marluce chamou o Daniel Filho. Aguardamos apreensivos o que mudaria na nossa situação, até que um dia nós fomos chamados para conversar com ele. Não sabíamos o que vinha, mas por outro lado, o programa fazia sucesso e isso nos deixava confiantes.
Me lembro que o Daniel Filho nos recebeu na hora do almoço. A reunião foi curta. Ele disse que o programa estava indo bem e que tinha uma proposta para a gente: que o programa fosse semanal com a duração de trinta minutos, as terças-feiras depois da novela. O que a gente achava? Topamos na hora. Quando saímos da sala, um olhou para o outro e todos perguntamos: Será que dá?
Uma coisa é fazer um programa mensal de 45 minutos, outra é fazer um programa semanal de 30 minutos quando as mesmas pessoas que escrevem o programa são as que atuam nele. Passamos um tempo discutindo qual era a melhor maneira de fazer caber tudo o que precisávamos fazer em uma semana. Como escrever e gravar um programa de segunda a sexta? A primeira resolução foi parar de fazer tudo que tínhamos além do programa. Dedicaríamos todo o nosso tempo ao Casseta & Planeta Urgente. Não teríamos mais o Plantão do Fantástico, nem shows, nem revistas. Só o programa.
Chamamos mais redatores para ajudar a escrever o programa. Continuamos escrevendo, mas recebíamos também colaborações para conseguir colocar 30 minutos de piada-piada-piada, sem muita pausa para respirar, que era o objetivo do programa. Formamos uma ótima equipe de redatores, que ficaram com a gente por muito tempo. Alguns desses redatores estão na Globo até hoje, escrevendo até novela.
Então ficou combinado que a gente gravaria as segunda e terças e a redação seria as quartas, quintas e sextas. Na segunda-feira eram gravadas as atualidades, que iriam ao ar no dia seguinte, o que fazia com que o programa ficasse atualíssimo. Como éramos os redatores do programa, havia a possibilidade de mudar o texto até o último segundo antes da gravação. E até de incluir textos sobre assuntos do fim de semana. Na terça eram gravados os quadros mais “frios”, que poderiam entrar no ar qualquer dia. Esse esquema durou todos os 13 anos em que o programa ficou semanalmente na grade.
E resolvemos também que era preciso criar quadros fixos no programa, não dava para fazer do mesmo jeito que era o mensal, com matérias jornalísticas. Foi assim que começaram a surgir os personagens que marcaram tanto o programa. E também a paródia da novela, aproveitando que o programa começava assim que a novela encerrava.
O Casseta & Planeta Urgente estreou em abril de 1998 e… funcionou! Ficamos no ar todas as terças-feiras depois da novela até 2010.

ESPORTES OLÍMPICOS QUE NÃO DÁ PARA VER

Eu adoro Olimpíadas. Como é bom ter jogos de várias modalidades para ver, torcer, aprender e, principalmente, tentar ficar longe do noticiário de política do Brasil por alguns instantes.
Mas tem algumas modalidades que fazem parte das Olimpíadas, que nem com a maior boa vontade do mundo dá para assistir. Para mim, elas não fazem o menor sentido como esportes olímpicos. Por exemplo:

Escalada Olímpica – Essa modalidade certamente foi criada numa festa infantil do netinho do presidente do COI. Dizem até que para animar os competidores são servidos brigadeiros e refrigerantes entre uma escalada e outra. E aí eu fiquei pensando: Como é que um cara começa a achar que ele é bom nesse esporte? Será que existe um olheiro que frequenta um monte de festas infantis atrás de craques nesse esporte? Será que os escaladores foram descobertos pelos animadores de festa infantil?

Badminton – Nas praias do Rio a peteca é um esporte da terceira idade. Porque por mais força que o sujeito faça para atingir a peteca, ela só dá uma subida e cai devagarzinho. A peteca é como um chevette recauchutado, não pega velocidade nunca, por isso é muito usada por crianças e velhos. Nem a raquete ajuda. O cara dá um smash com a raquete na peteca, usando toda a sua força e a peteca faz o que se espera dela: sobe e cai devagarzinho. O cara que consegue ficar estressado assistindo a uma partida de badminton tem que procurar ajuda psicológica imediatamente.

Ginástica Artística – Esporte que não usa a bola para chutar, arremessar ou cortar, mas em que se joga a bola suavemente para cima enquanto se faz um passo de balé. Ou que usa fitas coloridas no lugar da bola. Pode ser bonito, mas pra mim não é esporte.

Hipismo – Tudo bem, o cara que está lá em cima do cavalo tem que saber fazer o bicho saltar e coisa e tal, mas na boa, o atleta de verdade mesmo é o cavalo. Quem corre, salta e se cansa pra cacete é o cavalo, que ainda por cima é chamado de equipamento. Sacanagem!

Luta Greco-Romana – Dois caras enormes se agarrando para fazer alguma coisa que não sei o que é, mas que acho que não é sexo. Ou será que é?

Enquanto isso aguardamos que o FutSal e o Futebol de Praia virarem esportes olímpicos.

PALAVRES, PALAVRXS E PALAVR@S

A moda de falar TODES para incluir todes es genêres, em vez de ser inclusiva acaba sendo exclusiva. Porque se temos o TODOS, O TODAS e agora o TODES, como é que ficam o TODIS e o TODUS? Por que o Todis e o Todus ficaram de fora? Quer dizer, de foro, ou melhor, de fore?
Assim como a gente brincava da língua do P quando éramos crianças, alguns adultos querem brincar da língua do E. Assim todes es pessoes podem ser incluídes nes converses porque todes es gêneres estãe representades nesse palavre. O problema é que quase ninguém entende o que eles falam. Opa! O eles ficou no masculino mesmo tendo um “e”! Tá, então elxs nãe entendem.
Pois é, também existe a língua do X. É nela que se encontram os amigxs. Mas amigxs também acaba excluindo. Onde é que ficam todas as outras consoantes? Por que só o “x” pode fazer parte dxs suxs amizadxs? E os amigbs, amigcs, amigds, amigfs e todo o resto, onde é que ficam?
E ainda tem a língua do @. Quem chama de amig@s, também acaba criando um problema de gênero, mesmo sem querer, já que o arroba não é tão neutro quanto parece. O @ é escrito com um “a” dentro de um círculo, portanto os orrobas (“o” dentro de círculos) estão excluídos. O certo para se manter neutro seria usar um erroba (“e” dentro de um círculo). Para não falar dos irrobas e urrobas.
Mas tudo isso não me parece ajudar em nada na luta contra o preconceito, acaba sendo uma tremenda forçação de barra. Aliás, Forçação é uma palavra tão forçação de barra que tem dois cês cedilhas. Ou cê cedilhes, cê cedilhxs e cê cedilh@s.

MEMÓRIAS – É PRO FANTÁSTICO?

O primeiro ano do Casseta & Planeta Urgente mensal fez sucesso. Aos poucos o povo foi se acostumando com a nossa maneira de fazer jornalismo mentira, humorismo verdade. Passamos no teste. Seguimos pelo segundo ano fazendo parte da Terça Nobre. E depois pelo terceiro. E ainda por mais três. O programa mensal foi até 1997.
Nos primeiros anos do Casseta & Planeta Urgente no ar, o presidente do Brasil era o Itamar Franco, que no programa virou o Devagar Franco, sempre acompanhado de sua arisca tartaruga de estimação, a Flexa. O Reinaldo personificava o Devagar e sempre que fazíamos uma entrevista com o nosso presidente , ele perguntava:
– É pro Fantástico?
– Não, é pro Casseta & Planeta. – Respondia um dos nossos repórteres.
Pois em 1995, dois anos depois de estar no ar, fomos chamados para participar do Fantástico. Mas não pudemos mais responder positivamente para o Devagar, porque o presidente aquela altura era o Fernando Henrique Cardoso.
O nosso quadro no Fantástico era o Plantão Casseta & Planeta, duas ou três quadros curtos que entravam durante o programa dominical. Agora a gente apareceria todas as semanas para o público e ficaríamos mais conhecidos. Para diferenciar do programa que ia ao ar mensalmente, resolvemos parodiar o Fantástico, usando os repórteres do programa. Assim surgiram vários personagens como Chicória Maria (Helio), Leilane Beckenbauer (eu), Mauricio Kibrusco (Claudio Manoel), Pedro Miau (Madureira), Jeca Camargo (Bussunda), Ótima Bernardes (Reinaldo), Alexandre Gracinha (eu), Celso Fritas (Hubert), Cassandra Iceberg (Claudio Manoel), Corisco José (Hubert) e outros. Acho que todos os repórteres da Globo na época foram homenageados com um personagem nosso. Não sei se todos os jornalistas gostaram das nossas brincadeiras, mas nunca soubemos de nenhuma reclamação, pelo contrário, muitos diziam que gostavam.
O diretor do Casseta & Planeta Urgente, José Lavigne, também dirigia o Plantão. A gente gravava os quadros do Fantástico junto com os quadros do programa.
O Plantão Casseta & Planeta foi a nossa oportunidade de brincar com os fatos da semana, fazendo piadas com tudo que acontecia, brincando com as atualidades em cima do laço, o que era mais difícil num programa mensal. E se a gente já havia começado a fazer alguns personagens, o Plantão do Fantástico nos animou a entrar de vez no mundo dos personagens, reais e fictícios, o que foi uma viagem sem volta.
O Plantão Casseta & Planeta ficou no ar até 1997, quando a gente passou para semanal. Agora a gente ia aparecer todas as semanas na programação da Globo num programa só nosso. O Casseta & Planeta tomou conta das terças-feiras da TV Globo.