Quando o programa virou semanal, em 1998, paramos de fazer todas as outras coisas que fazíamos. Não fizemos mais shows e não gravamos mais discos. Foi o fim da nossa carreira musical, para comemoração de alguns , que achavam que nós éramos uns picaretas nessa área, e tristeza de outros, que acho que era a maioria, que adorava as nossas músicas.
A nossa carreira musical foi marcada pelo lançamento de três discos. Se você não sabe o que são discos, digamos que era uma espécie de spotify físico. Foram o Preto com buraco no meio, que saiu em LP e cassete, o Para comer alguém, em LP, e CD, e The bost of Casseta & Planeta, só em CD. Procurem no Google para saber o que são Lps, cassetes e Cds. Nós fomos os autores de todas as letras, sempre junto com o Mu Chebabi, que fazia as músicas.
O primeiro disco, o Preto com buraco no meio, foi o que fez mais sucesso. Veio na esteira do sucesso do nosso primeiro show. Foi lançado em 1989 pela Warner, que deu carta branca para o produtor Paulinho Albuquerque produzir o disco. O Paulinho, que foi o diretor do nosso show, era um produtor de responsa e conhecia todo mundo no mundo musical.
A gente cantava as musicas no show, mas quando pisasse num estúdio toda a nossa desafinação ficaria evidente, mesmo com todos os equipamentos afinadoraizers e enganaizers que já havia no mercado. Então o Paulinho partiu do principio de que a base musical teria que ser fodaça. Assim a banda que nos acompanhava nos shows foi substituída pelos melhores músicos que havia para fazer as bases Só tinha craque tocando. Guitarristas como Torcuato Mariano, saxofonista como Leo Gandelman, por aí. Um dia durante uma gravação o Paulinho me falou o seguinte:
– Trouxe um percussionista que é um cara novo , mas é foda. O cara trouxe três Kombis de instrumentos de percussão pra gravação. O cara novo que era foda era o Carlinhos Brown.
Acabou que a nossa cantoria não ficou tão mal assim e o disco ficou maneiro. As duas músicas que fizeram mais sucesso foram Mãe é mãe e Tô Tristão. A gente foi a vários programas de TV para divulgar o disco, onde cantava principalmente Mãe é mãe e o Tributo a Bob Marley (Reggae da Jamaica), já que o outro sucesso do disco, o Tô Tristão não dava para tocar na TV. Outras músicas do disco: Diga, Com tanta gente passando fome, Adolescente, Rap do vagabundo, Meu bem, Mobral, Mama Austria. A última música do disco era Punheta, mas que vinha com um aviso de que Punheta tinha sido proibida de tocar em todo o território nacional.
O nome do disco, Preto com buraco no meio, veio da ideia de que, quando nos entrevistassem, os jornalistas certamente fariam essa pergunta:
– Como é o Lp?
E a nossa resposta então seria:
– É preto com um buraco no meio. – Que era o formato dos LPs.
Mas quando o Lp foi lançado a capa acabou sugerindo outra interpretação , já que trazia um negro furando com uma britadeira um LP. O Tim Maia , já puto com a imitação que o Bussunda estava fazendo dele, disse que a capa era racista e assim a polêmica estava lançada. Não fugimos de discutir o assunto, fomos até a debates para garantir que não havia nenhuma conotação racista.
Só mais um detalhe: Na faixa Tributo a Bob Marley tivemos a participação especial de Djavan, justamente cantando a parte que fala dele: “Tentei ir pra Paris, Londres, Amsterdã, ganhar alguma grana imitando o Djavan”.
Em 1994 lançamos o Para comer Alguém, pela gravadora Velas. Algumas músicas: Nietzsche, Moqueca, Paulista, Mauricio, Surfista e Apogeu e Gloria ao Rock’n roll. A música Dance dance tinha a participação da Fernanda Abreu.
O terceiro disco foi uma compilação, o The bost of Casseta & Planeta, lançado pela Som Livre.
Outro dia fiz as constas e constatei que sou co-autor de 17 músicas. Achei legal, posso até botar no meu currículo que sou compositor.