Eu morro de medo de diminutivos.
Aqui no Brasil, se o cara mete um “inho” ou “inha”, pode ter certeza que você está na merda.
É coisa de brasileiro, que acha que se colocar diminutivo nas palavras, elas amansam, perdem a força e o problema está resolvido.
Aqui não existe problemão, é tudo só um probleminha.
E eu tenho pavor de probleminhas.
Se é só um probleminha, para que fazer alguma coisa? Deixa rolar, que vai passar.
Se vai demorar um instante, tudo bem, mas se é só um instantinho, ferrou!
Se o produto é caro, ok, mas se é carinho pode ir abaixando as calças.
Se você chega na porta do restaurante lotado e pergunta ao porteiro quanto tempo vai demorar e ele diz: “Ah, é rapidinho!”, é melhor tentar outro restaurante para não morrer de fome.
Dez minutinhos demora infinitamente mais do que dez minutos.
Quilinhos são muito mais pesados do que quilos.
O bebum que vai tomar só uma cachacinha é um sério candidato a uma Perda Total.
Se é só uma dívida, dá para pagar, mas se é uma dividazinha provavelmente será impagável.
Se o médico disser que você vai sentir só uma dorzinha, se prepara para se entupir de analgésicos.
Quando o ministro da economia anuncia uma inflaçãozinha é hora de cortar custos porque o bicho vai pegar.
O Brasil é cheio de diminutivos. E eu cada vez mais odeio eles.
Pudemos ver o poder do diminutivo na sua plenitude quando Bolsonaro chamou a covid de gripezinha.
E o pior é lembrar que o mandato dele dura só mais dois aninhos.
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PERDIDO EM BRASÍLIA
Enquanto isso em Brasília, um bolsominion está no seu carro rodando há horas. Perdido, ele pede informação para um outro motorista:
– Amigo, por favor, como eu faço para chegar no Palácio do Planalto?
– Ah, é fácil. É só pegar a próxima a esquerda…
– Tá doido? A esquerda não dá. Eu estou indo encontrar com o mito, pô! Não dá pra pegar a direita?
– Não dá. A direita vai dar em outro lugar.
– E se eu seguir em frente?
– Ah, você quer uma terceira via?
– Não! Terceira via de jeito nenhum!
– Então eu não sei te informar.
– Tudo bem. Acho que eu vou perguntar no Posto Ipiranga.
– Se eu fosse você eu não ia não. O Posto Ipiranga não tá mais sabendo informar nada!
PESADELLO
Toda hora vem à tona a discussão sobre o Brasil virar a Venezuela. Tem gente dizendo que o Bolsonaro quer fazer exatamente o que o Chaves fez na Venezuela e outros dizendo que quem vai fazer isso é o Lula, se ganhar.
Mas eu não tenho medo de o Brasil virar Venezuela, acho que o perigo é outro.
O meu medo é o Brasil virar a Coreia do Norte!
Calma, não vamos virar comunistas!
Mas seguindo nessa política de não combater o coronavírus, de não fazer lockdown, não usar máscara, de permitir aglomeração e festa clandestina a vontade em todos os lugares, podemos tomar o posto do país do Kim Jong-Un, e nos tornarmos o país mais isolado do mundo!
Hoje em dia já não podemos ir para quase nenhum país, mas isso ainda é provisório. Seguindo no ritmo que dita o nosso presidente, daqui a pouco a proibição de receber brasileiros vai virar definitiva. Vai ser pra sempre!
O passaporte brasileiro não vai valer nada!
Ficaremos mais isolados que a Coreia do Norte!
Quando chegarmos na fronteira de um país qualquer, e o agente policial perceber que o passaporte é aquele escrito Brasil na capa, ele não vai só barrar a nossa entrada, vai apertar um botão de alarme, uma sirene vai começar a tocar, o aeroporto será isolado e um exército de fiscais sanitários vai aparecer para nos dar um banho de álcool, água sanitária, gasolina, querosene e soda cáustica, depois vão nos empacotar com três camadas de papel pardo bem grosso, colocar plástico bolha em volta e nos mandar de volta pro nosso celeiro de novas cepas de coronavírus.
Tá bom, isso pode ser só uma loucura da minha imaginação, pode ser apenas um pesadelo. Mas Pesadello era como era chamado o nosso ministro da Saúde e o que entrou no lugar dele, disse que seu objetivo é dar continuidade ao Pesadello. Ou ao pesadelo.
URNA PARA 2022
O QUADRO SUCESSÓRIO
O que são mais de 2 mil mortes por dia perto de uma notícia política como a volta de Lula a corrida presidencial? Pois, sem ter mais o que noticiar, os telejornais do país acharam que o melhor a fazer nesse momento é discutir a sucessão presidencial que só vai acontecer daqui a quase dois anos.
Então, como estão os candidatos nesse momento?
Bolsonaro- Com a chegada de Lula de novo no páreo, o presidente se assustou e não acha mais que sua vitória vai ser tranquila. Então começou a pensar, com uma certa dificuldade pois não está acostumado. E no meio de seus pensamentos veio uma ideia que dizia que talvez, quem sabe, para melhorar a sua popularidade, ele teria que começar a governar o país, pensar na pandemia, comprar vacinas… Mas foi só uma ideia, já passou.
Lula – De novo no páreo, o velho petista está pensando se vai mesmo ser candidato. Pronto, já pensou: Vai! A sua dúvida agora é se vai ser o Lulinha paz e amor ou o Lulão guerra e ódio. Enquanto não se decide, ele está pensando em fazer um monte de discursos, mas a dificuldade é como fazer isso sem aglomerações. Então, se preparem, vem aí mais um festival de Lives.
Dória – O governador de São Paulo ficou chateado com a volta de Lula. Pensou em ir para Miami pensar na vida, ou então, ir para Miami para descansar ou ir para Miami dar um tempo.
Ciro Gomes – Quando soube da notícia da volta de Lula a corrida presidencial, Ciro Gomes estava tranquilo em casa dando ataques e xingando todo mundo. Ele então parou o que estava fazendo e foi para a televisão dar ataques e xingar todo mundo. Seu plano agora é dar uma série de ataques e xingar todo mundo até 2022.
Moro – Está esperando a votação do Supremo sobre a sua suspeição. Assim que souber o resultado, irá perguntar a sua conje: E agora, sou ou não sou candidato? Suspeita-se que sua candidatura será suspeita de suspeição.
Huck – Finalmente a decisão que tanto se esperava dele agora vai ser tomada: ele vai topar assumir o Domingão do Lucianão.
Boulos – Quando lhe disseram que, com a volta do Lula, a sua ideia de ser o novo líder da esquerda acaBoulos, Boulos ficou muito puto. Achou a piada infame e ridícula, com razão, e foi para um acampamento de sem terras para pensar na vida.
Ok, tudo certo, o quadro eleitoral é esse.
Agora chega de papo furado e vamos ao que interessa:
Vacina! Vacina! Vacina! Queremos Vacina!
VACINA X ARMAS
OS 5 SENTIDOS NO BRASIL
VISÃO – A Visão do brasileiro é muito boa. A gente vê cada coisa por aqui que dá vontade de colocar uns óculos com o grau errado para ver menos. O que já se viu de roubalheira por aqui! Olhos menos aguçados de estrangeiros não acreditariam no que se consegue ver por aqui. Mas os nossos olhos não nos enganaram, a gente viu mesmo o petrolão, o mensalão, as rachadinhas, os dólares em cuecas, as queimadas na Amazônia, a campanha do governo contra a vacina e o uso de máscaras…
AUDIÇÃO – A audição é bastante testada no Brasil. Somos expostos a Lives diárias do Bolsonaro, falas inacreditáveis de ministros negacionistas, lacrações de todos os lados, cantores de sofrência, locutores esportivos gritando… Haja audição. As vezes é melhor se fazer de surdo.
TATO – Há que ter tato no Brasil. Não dá pra sair tocando em qualquer coisa, o risco de se ferir é enorme. A política é cheia de cacos de vidro, a economia é um arame farpado e a burocracia aqui é um espinheiro, impossível não sair todo arranhado!
PALADAR – Aqui o gosto é muito eclético, o paladar do brasileiro é muito estranho, o povo gosta de cada gororoba! Principalmente na política.
OLFATO – O cheiro básico que sentimos aqui no Brasil é o cheiro da crise. A crise do Brasil tem um cheiro que é uma mistura de fedor de merda com um cheiro de gasolina prestes a queimar. E ainda tem também cheiro de bosta. Tudo bem eu sei que cheiro de merda e cheiro de bosta é a mesma coisa, mas é que a cagada aqui é grande.
DEPUTADOS VENDIDOS ANÔNIMOS
Depois do toma-lá-dá-cá que se viu na última eleição para a presidência da Câmara, alguns deputados ficaram realmente preocupados com as acusações de que venderam o seu voto e resolveram tomar uma atitude. Eles formaram um grupo de apoio mútuo: Os Deputados Vendidos Anônimos. Logo marcaram uma reunião. Encontraram-se numa sala, sentaram-se em círculo e a sessão começou. Um deputado mais experiente abriu a reunião:
– Sejam bem vindos aos grupo de apoio Deputados Vendidos Anônimos. Como eu já me sinto curado desse terrível vício, eu vou ser o coordenador do grupo. Quero dizer que aqui todos serão bem recebidos e nós vamos tentar seguir os tradicionais 12 passos dos grupos de apoio mútuo para acabar com o vício de se vender ao governo. Alguém quer dar algum depoimento?
Os deputados se entreolharam e um deles resolveu falar.
– Bom, na verdade, eu só vim aqui para pegar umas dicas.
– Claro! – o coordenador do grupo falou – Uma dica que eu posso te dar é que esse processo vai ser difícil e demorado.
– Não, eu tô atrás de outro tipo de dica. É que todos aqui vão contar seus casos e vai que eu descubro alguma oportunidade de negociata nova.
Outro deputado o interrompeu.
– Eu queria dizer que eu conheço esse cara! – Ele apontou para o coordenador do grupo – Eu conheço ele de uma mamata em um ministério…
– É, eu realmente participei de uma jogada em um ministério – o coordenador do grupo admitiu – mas estou aqui justamente porque consegui me livrar desse vício.
– Você devolveu o dinheiro que pegou?
– Bom, na verdade eu ainda não devolvi, mas passado é passado, certo?
– Quanto é que você vai me dar pra eu não sair espalhando isso pros jornais?
– Que isso, amigo? Nós estamos num grupo de apoio, tudo que é falado aqui deve ser mantido aqui.
– Eu fico quieto se você diminuir esses tais 12 passos para 5 passos.
– 5 passos é muito! É melhor 2!
– Não dá, gente. Os doze passos são tradicionais e…
– Dois e não se fala mais nisso!
E assim foi. O deputado passou pelos dois passos rapidamente e em três sessões já se sentiu curado. E está espalhando por aí que nunca se vendeu a nenhum governo e está coordenando um novo grupo de deputados vendidos anônimos. É ótimo pra se conseguir umas dicas boas.
ENTREVISTA COM O ZÉ GOTINHA
Repórter- Bom dia , Zé Gotinha. E aí, animado com a vacinação?
Zé Gotinha – E estou super animado com a vacinação, o que está me deixando chateado é que ninguém me chamou ainda pra fazer campanha pela vacinação, pô! Só me chamam pra cerimônias oficiais!
Reporter- Mas você tem aparecido a beça na mídia. Há um tempão a gente não via você tanto.
Zé Gotinha- Você já me viu em alguma propaganda? Não! Já viu alguma campanha do governo para o povo se vacinar? Não! Até agora só me chamaram para posar ao lado de políticos. Pô, eu não votei em ninguém, é sacanagem ficar me usando para fazer campanha política, essa vacina nem é em gotas! Se é pra fazer proselitismo leva uma seringona ! Leva o Zé Seringa para os eventos políticos!
Reporter- Mas você não acha essas cerimônias importantes?
Zé Gotinha – Você já viu as fotos das cerimônias? Quase sempre o único que está de máscara ali sou eu! O ministro da saúde não usa máscara, o presidente não usa máscara… Outro dia o presidente quis até me cumprimentar! Fala sério! E nem álcool gel me dão nas cerimônias, eu tenho que levar o meu!
Repórter – Você tem medo de se contaminar?
Zé Gotinha – Claro! Ainda não ficou provado que os Zé gotinhas podem ou não pegar covid! E se eu pegar ? Quem é que vai acreditar num Zé Gotinha que já pegou covid?
Repórter – Você quer ser vacinado?
Zé Gotinha- Quero! Estão me mandando para um monte de cerimônias de vacinação sem distanciamento, ninguém de máscara, aglomeração para caramba! Isso é muito arriscado. Eu tinha que estar no grupo prioritário de vacinação!
ENTREVISTA COM UM NEGACIONISTA
Depois do início da vacinação, entrevistamos um médico negacionista para entender o que vai acontecer agora que o país começa a ser vacinado.
Doutor, como medir os efeitos da vacina?
O ideal é que se faça um acompanhamento das pessoas vacinadas para se monitorar a quantidade de jacarés que vão surgir depois do inicio da vacinação. Quanto mais jacarés, maior o sucesso.
Assim que é vacinada, a pessoa já está imunizada?
Não, é preciso esperar umas duas semanas. Mas depois de uma semana, ela já vai sentir o efeito, a pele vai ficando verde, vai enrugando e as pernas e braços vão diminuindo.
Se a pessoa virar jacaré, o que ela pode fazer para voltar ao normal?
Ainda não sabe ao certo, é uma experiência muita nova, mas preconizamos o tratamento precoce com cloroquina. Só não sabemos se o jacaré com aquele bocão vai conseguir engolir a cloroquina.
As vacinas que serão ministradas no Brasil podem causar algum outro efeito colateral?
A vacina chinesa pode fazer com que a pessoa só queira comer com palitinho, o que vai dificultar muito o brasileiro que gosta de comer churrasco. Já a outra vacina, a inglesa, pode dar uma vontade danada de dirigir pelo lado esquerdo das estradas, o que pode causar muitos acidentes.
Quando alcançaremos a imunização de rebanho?
No caso do gado bolsonarista, que já são rebanho, só falta a imunidade.