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DIA D, HORA H – A REVOLTA DAS LETRAS

Então, sem saber o que dizer, o ministro da Saúde Eduardo Pesadello falou que a vacinação iniciaria no dia D, na hora H.
O X logo reclamou. Se era para a data ser uma incógnita, esse papel deveria ser dele, que sempre foi a letra das incógnitas, é só perguntar aos matemáticos. Portanto, a vacinação deveria ser no dia X!
O Y ficou chateado. Afinal, o Y também era uma incógnita famosa, sempre fez dupla com o X. Então foi feito um acordo e decidiu-se que a vacinação seria no dia X, na hora Y.
O ponto G apareceu para dizer que a população estava muito excitada com a divulgação da data de vacinação, portanto cabia a ele, que sempre causara muito excitação, essa função. A vacinação deveria ser no ponto G.
O A ficou muito irritado! Ele sempre iniciou tudo, inclusive o alfabeto! Se era para iniciar, tinha que ser no dia A!
Aí o 1 ficou puto! E por que usar letras e não números? Letras foram feitas para palavras, contagens merecem números. Toda contagem começa no 1, pô! A vacinação deveria começar no dia 1, na hora 1!
Aí o alfabeto todo enlouqueceu! Foi um tal de mandar pra PQP, dizer que aquela discussão era uma M, mandaram até tomar no C…
Então a discussão acabou quando chegou o ponto de interrogação e convenceu a todos que o lugar era dele: A vacinação começaria no dia ? , na hora ?

BRASIL, PAÍS DA PIADA PRONTA?

Ao contrário do que dizem, o Brasil não é o país da piada pronta.
Na verdade, a piada foi parar nas mãos de uma empreiteira, depois que ela molhou a mão de várias autoridades.
A empreiteira superfaturou o orçamento, para poder pagar as propinas que prometeu.
A obra da piada começou, mas já se arrastou por mais de vinte anos.
O prazo para ela terminar já acabou há muito tempo.
Durante esse período, foram pedidas várias suplementações de verba, com o devido pagamento de propina.
A piada já custou mais de 10 vezes o valor do orçamento original, mas a grana já terminou e a piada não ficou pronta.
A empreiteira está pedindo dinheiro para acabar a obra.
E o pior: ainda não sabemos se a piada é engraçada ou não.

NOVO LANÇAMENTO DE CUECA!

CUECA SAMBA-LADRÃO

A cueca do corrupto moderno.

Cabe muito mais dinheiro!

Já vem com compartimentos internos para o corrupto colocar a sua bufunfa, deixando ainda mais espaço entre as nádegas!

Você não vai acreditar na quantidade de dinheiro que cabe nessa cueca!

Nos tamanhos:
G- Grana
GG- Grana do Governo
GGG- Giga Grana do Governo

Não seja otário! A cueca samba-ladrão não tem tamanho pequeno nem médio!

PEDINDO VISTA NA VIDA

Aí o julgamento da inelegibilidade do Crivela no TSE já estava 6×0, quando chegou um juiz e resolveu pedir vista. Ele colocou o processo debaixo do prazo e levou para casa para estudar melhor, mesmo com o resultado já definido. E ele pode ficar o tempo que quiser estudando o caso. Esse negócio de pedir vista sempre me revoltou. Pô, não teve tempo de estudar, diz que não rolou, que não pode votar, mas levar para casa depois de já estar tudo decidido?
Mas aí eu comecei a pensar de outra maneira. Em vez de lutar contra esse mecanismo estranho da Justiça Brasileira, vamos nos adaptar a ele. Se você pensar mais amplamente, com a cabeça aberta, esse negócio de pedir vista, botar o processo debaixo do braço sem prazo para devolver pode ser interessante.
Por que a gente não adapta isso para a vida? Já pensou?
A prova de matemática está na sua frente, você não sabe responder nenhuma questão. Aí você pede vista para estudar mais em casa. E não tem prazo para fazer a prova de novo. Não é uma boa?
O boleto chegou e você não tem como pagar? Pede vista.
O banco te cobrou juros sobre um empréstimo? Pede vista.
O patrão te mandou embora? Pede vista.
A namorada te deu um pé na bunda? Pede vista.
O teu time está prestes a cair para a segunda divisão? Pede vista.
Pedir vista é uma ideia maneira.

NO DESFILE DE 7 DE SETEMBRO

Aos 18 anos entrei para a universidade. Adorei aquele ambiente acadêmico e naquele tempo, 1978, em plena ditadura militar, tive contato com o movimento estudantil. Comecei a frequentar o Centro Acadêmico e a participar da luta contra a ditadura, mas no final do ano fui obrigado a me alistar no exército. Não queria servir de jeito nenhum, afinal eu era contra o governo militar, não podia entrar justamente para o exército. Mas sabe quando você vai dando todos os passos errados? Podia ter arrumado um atestado médico falso, muita gente tentava isso. “Se eles desconfiarem que é falso pode ser pior”, me disseram. Passei no exame médico. Podia ter me alistado normalmente, mas seguindo conselhos vindos nem sei de onde, me alistei no CPOR. “Lá é mais fácil de sair”, disseram. Mas justamente naquele ano os caras resolveram “aumentar o nível da tropa” no CPOR e pegar gente que estava na faculdade. E ali estava eu, o público alvo ideal. Fui passando por todas as fases sem conseguir me livrar, até que eu finalmente consegui um pistolão. Era um capitão do CPOR. Então, na última etapa da seleção, quando eu já estava esperando há horas para saber se ia ou não servir o exército, o meu pistolão, o tal capitão, mandou me chamar. Eu fui lá , crente que o cara ia me liberar mas ele falou:
– Olha, eu tenho duas pessoas pra tirar daqui. Você e mais um. Mas eu só vou conseguir livrar um. O problema é que o outro é meu sobrinho.
E assim eu dancei.
De repente , eu, o jovem que havia entrado na universidade, se encantado com o movimento estudantil, vestiu um uniforme verde-oliva e foi aprender a ser soldado em plena ditadura militar. Ralei bastante no início, e aguentei calado vários oficiais fazendo discursos contra os subversivos que atacavam o governo da Revolução de 64, achando sempre que eles estavam falando comigo. De vez em quando, eu tomava coragem e, diante de um discurso direitista qualquer, sussurrava para algum recruta amigo que estivesse ao meu lado “Abaixo a ditadura!”. Nunca ninguém falou nada, provavelmente porque eu falava tão baixinho que ninguém nem escutava.
Até que chegou o sete de setembro. E eu descobri que íamos desfilar na Avenida presidente Vargas. Justo eu, que lutava contra a ditadura, desfilando para enaltecer o governo militar? Fiquei mal, morri de vergonha. Não contei para nenhum amigo, principalmente a galera do movimento estudantil. Mas para os meus pais eu não tive como esconder. Minha mãe se animou e foi assistir ao desfile.
Depois, já em casa, eu perguntei para ela:
– Você me viu?
– Era todo mundo igualzinho, mas eu consegui te ver.
– E aí , o que achou?
– Você estava lindo, meu filho. E era o único que estava marchando no passo certo!