Estou com 61 anos e desde o ano passado entrei oficialmente para o grupo da “terceira idade”. Pois é, tem gente que inventou o paliativo “melhor idade” para designar os que passaram dos sessenta, mas chamar a velhice deste jeito é definitivamente uma tremenda babaquice.
Então, como estou aos 61 anos? Como está o meu corpo agora que cheguei a essa idade que é considerada a terceira idade?
Olhos – Uso dois óculos, um de leitura e outro para longe. Preciso dirigir usando óculos, está escrito na minha carteira. De vez em quando eu me engano, pego os óculos de longe para tentar ver de perto, ou vice-versa, e não enxergo nada direito. Confesso que as vezes faço isso de propósito para não enxergar a realidade brasileira.
Ouvidos – Acho que escuto bem. Não percebo perda de audição ainda. Mas as vezes, quando escuto algum sucesso sertanejo, eu finjo que estou perdendo a audição.
Dentes- Um dos meus dentes da frente já quebrou várias vezes, mas graças a moderna tecnologia odontológica tenho um “substituto” que cumpre bem com a sua função. Não chego a ter a dentição do Firmino, mas a minha boca não faz muito feio.
Nariz – Meu nariz é ligeiramente adunco, uma maneira delicada de dizer que tenho nariz torto. Só quem tem o nariz assim sabe o significado da palavra adunco. Meu avô paterno tinha o nariz muito adunco, meu pai também tem. Eu nem tanto, mas toda vez que me vejo no espelho acho que o nariz está entortando mais com a idade.
Pele- Pego pouco sol e uso protetor solar, mas o tempo que fiquei exposto ao sol sem proteção quando eu tinha vinte anos está cobrando a conta e pareço a seleção brasileira: as vezes rola umas perebas. Ao contrario do Tite, trato logo de ir ao dermatologista tirar perebas.
Coração – Levei um susto há alguns anos e coloquei um stent no coração. Hoje, aparentemente estou bem do coração, meu colesterol anda baixo, graças a Deus, mas principalmente graças a alguns remédios. Emagreci mais de dez quilos nos últimos anos. Tenho que me cuidar, porque coração de brasileiro leva muito susto.
Sangue – Minha glicose não é ex-BBB, mas vive no limite. Tenho que prestar atenção e comer menos doce do que gostaria. Muito menos do que gostaria.
Barriga – A minha companheira mais antiga, minha barriga, me acompanha desde garoto. Sempre comigo, as vezes enorme, outras vezes só grande, mas ela está sempre lá. Ultimamente ela diminuiu bem, deu uma estabilizada, mas continua firme e forte, quer dizer nem tão firme assim, meio flácida, mas companheira de todas as horas, principalmente almoços e jantares.
Coluna- A minha lombar gosta de chamar a atenção. De vez em quando ela dá um chilique e me deixa uma semana meio torto. Quase sempre a culpa é minha, que resolvo me abaixar para pegar coisas pesadas, como se fosse um fisioculturista. Ultimamente a lombar anda quietinha, mas sei que é preciso tomar cuidado. É que nem a democracia, se não cuidar ela pode ser atacada a qualquer momento.
Joelhos – O joelho direito está OK, mas o esquerdo já pediu demissão. Foi o motivo da minha despedida do futebol. Mas acho que vou forçar a barra e tentar voltar a jogar futebol depois que a pandemia acabar.
Apesar de alguns percalços, a gente vai levando numa boa. Tenho 61 anos e me sinto como se tivesse… 61 anos. O que é muito legal. E além disso, ter mais de sessenta tem vários lados bons. Por exemplo: Nós, que temos mais de sessenta pudemos vacinar primeiro contra a Covid! Uhhúuu!!