Quando cheguei em casa com o álbum de figurinhas da Copa do mundo numa mão e vinte pacotes de figurinhas na outra, minha mulher me olhou incrédula. Ela não falou nada, mas sua expressão dizia tudo! E o que dizia era:
– Não acredito que um marmanjo com mais de 50 anos na cara tá brincando de figurinha!
Eu fingi que não era comigo. Simplesmente comecei a abrir os pacotinhos e a colar as figurinhas.
Então, talvez pra mostrar que sou um adulto que gasta o seu dinheiro do jeito que quer, saí pra comprar mais figurinhas. Na banca entramos eu e um garoto de uns 8 anos de idade. Perguntamos praticamente juntos pro jornaleiro:
– Tem figurinha da Copa?
O jornaleiro ficou olhando pra minha cara, mais ou menos do mesmo jeito que minha mulher olhou antes. Eu não sabia se me sentia um cara jovem ou um babaca! O jornaleiro me ajudou a decidir quando perguntou:
– As crianças vão querer quantos pacotes?
– Cinco – disse o menino.
– Quarenta! – eu disse.
Perdi meu aliado instantaneamente. O moleque olhou pra mim com ódio.
Quando cheguei em casa com os 40 pacotes foi minha filha que reclamou:
– 40 pacotes! Pô, pai, quando eu te peço dinheiro pra comprar figurinha da Barbie você só me dá dinheiro pra cinco pacotes!
– Figurinha da Copa é diferente. – encerrei o assunto.
É isso mesmo! Tenho os Álbuns das Copas do Mundo de 1990, 1994, 1998 e 2006. O de 2002 eu fiz, mas perdi em alguma mudança, mas vou revirar a casa toda até achar. Troco figurinhas com moleques de 10 anos de idade e jogo bafo com pirralhos de 9. Uso meu poder econômico para acabar com o estoque de pacotinhos das bancas. Eu sou um colecionador de figurinhas da Copa do Mundo inveterado e sem escrúpulos. E não ligo pra cara feia.