Em um determinado momento, lá no início de nossa carreira de grupo de humor, nós resolvemos dar uma organizada interna para conseguir produzir tudo que queríamos. Criamos o que denominados de ministérios. Cada um de nós era responsável por um “ministério”, ou seja, por uma área, DVDS, músicas, livros, etc… O Claudio e o Reinaldo, não entraram nessa divisão, pois já integravam um ministério importante: a redação final do programa, que exigia muito tempo de trabalho. Não me recordo exatamente quais eram os ministérios de cada um, só lembro que o Bussunda fez questão de assumir o Ministério do Ócio e Lazer, cargo que exerceu com muita responsabilidade e competência.
Eu fiquei responsável pelo Ministério dos Livros. Sempre gostei muito de ler e de livros e pulei em cima desse cargo com a fome que um deputado do Centrão tem por um cargo no governo hoje em dia. Nem preciso dizer que não queria o Ministério dos Livros para roubar ou distribuir rachadinhas para a minha família.
Não era eu o responsável por escrever os livros do grupo, mas por produzi-los, ou seja, reunir os textos já escritos, juntar a galera para ter ideias para os livros ou para convencê-los a escrever textos para os livros. Acho que fiz direitinho o meu trabalho porque nós acabamos lançando mais de 20 livros.
Em 1994, já com o Casseta & Planeta Urgente no ar, a editora Record nos procurou. Perguntou se nunca havíamos pensado em lançar um livro. Conversamos sobre que livro poderíamos fazer e veio a ideia de um livro de frases. Como ministro da pasta, assumi o trabalho de organizar o trabalho, saí a caça de frases do grupo em todos os lugares, compilei frases da revista Casseta Popular e do Planeta Diário, nos quadros do programa. Era só algum de nós dizer algo engraçado que eu anotava. Juntei um montão de frases e pensamentos e as dividi em capítulos por assunto. Juntamos o grupo e fomos passando as frases uma a uma, melhorando algumas e descartando outras. Bolamos títulos engraçados para os capítulos e acabamos lançando o Grande livro dos pensamentos de Casseta e Planeta.
O livro foi um sucesso! Vendeu muito bem. Ficamos empolgados e eu, como editor do livro, ainda mais animado que a galera, parti de novo na pescaria por frases que escrevemos, pensamentos que esboçamos, falas de quadros de programa, tudo que pudesse ser transformado numa frase engraçada. Mais uma vez puxei a galera para bolar novas frases e, ainda em 1994, conseguimos lançar mais um livro de frases: O enorme livro dos pensamentos de Casseta e Planeta. Sucesso também.
Em 1994 ainda veio o Manual do Sexo Manual, com textos sobre sexo publicados nas revistas e alguns textos inéditos.
No ano seguinte, seguimos em nossa carreira “literária” e lançamos o Livro místico, esotérico e sobrenatural de Casseta e Planeta, com a ideia de brincar com esse tipo de assunto que andava bombando no mercado editorial na época (na verdade, até hoje esse assunto rende).
Ainda em 1995 juntamos as melhores entrevistas publicadas nas revistas Casseta Popular e Casseta & Planeta e produzimos o livro Casseta & Planeta – Entrevistas, com entrevistas com Caetano Veloso, Jaguar, Gabeira, Paralamas, entre outras.
Por conta principalmente dos livros de frases, que haviam virado best-sellers e que tiveram várias edições, a nossa carreira literária estava de vento em popa. Então, o nosso passe foi negociado com outra editora, a editora Objetiva. Nos sentimos como craques de futebol, só faltou o cachê milionário e as luvas.
(continua no próximo post)
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TIPOS DE LEITURA
Para dar um descanso das notícias da pandemia e das fake-news dos negacionistas, vamos falar de livros.
Ler é sempre bom. É claro que o melhor é ler um livro sentado numa poltrona confortável, mas as vezes não dá, então temos que apelar e ler em outros lugares.
Vão aqui algumas dicas de tipos de leituras que podemos fazer:
Leitura de quarto – Você deve ler no quarto aqueles livros que você não pode ler na frente de qualquer pessoa. Tem certos livros que é melhor ler afastado das crianças com suas perguntas constrangedoras. Outros que é melhor ler longe do cunhado bolsonarista, que vai te perguntar que livro é esse que você está lendo e vai arranjar algum argumento para começar uma discussão interminável sobre Globolixo e outras bolsonarices.
Livros de sala de espera – Não é qualquer livro que se deve ler numa sala de espera de um médico ou dentista. Pega mal ficar lendo livros eróticos, por exemplo. Por outro lado, um cara que lê Guerra e paz, de Tolstoi, ou Ulysses, de James Joyce na sala de espera do dermatologista, merece as espinhas que tem na cara.
Leitura de metrô – Um capítulo por estação, assim não se corre o risco de ter que parar a leitura no meio de um capítulo.
Livros para ler deitado na rede – Livros leves. Não estou falando do enredo, mas do peso do objeto livro mesmo. Não dá para ler um catatau de mil páginas deitado na rede, a não ser que você tenha o braço de um fisiculturista.
Leitura de banheiro- Leitura rápida. Crônicas, pequenos contos, anedotas… Para ler em uma cagada.
Leituras em festas – Se você quiser ler no meio de uma festa, eu aconselho livros de auto-ajuda ou psicanálise. Você está precisando.
Leitura no trabalho – É claro que se você for ler durante o trabalho é melhor ler livros técnicos. Outra opção é ler algum desses livros com “foda-se” no título, como “A sutil arte de ligar o foda-se” ou “Eu podia estar trabalhando, mas foda-se!”
EU AJUDO ELE
Quando eu tinha uns vinte e poucos anos, viajando por uma praia do Nordeste de mochila nas costas, entrei num bar e comecei a conversar com dois caras que estavam por ali. O papo estava animado, os caras eram gente boa e então, num dado instante da conversa, eu perguntei a um deles:
– Me diz uma coisa: o que você faz?
– Como assim? – Ele não entendeu.
– É, o que você faz, você trabalha? Estuda?
– Ah! Eu não faço nada não. – O sujeito respondeu na maior tranquilidade.
– Nada ? – Então perguntei ao outro cara. – E você?
– Eu ajudo ele!
Gostei da sinceridade do primeiro e, principalmente, da resposta do segundo.
O tempo passou e outro dia eu estava batendo papo com uns amigos das antigas pelas redes sociais, caras do audiovisual, assim como eu. A gente não se falava há muito tempo e a pandemia nos aproximou. No meio da conversa eu perguntei a um deles:
– Me diz uma coisa: O que você está fazendo?
– Seriados e literatura.
– Que maneiro ! – Me interessei pela atividade do cara e quis ter informações mais específicas. Perguntei:
– E que projetos você está fazendo nessas áreas?
– Vejo seriados e leio livros!
– E você? – Outro amigo me perguntou.
Lembrei-me imediatamente da resposta que recebi tantos anos atrás e respondi, na lata:
– Eu ajudo ele!
MAIS 20 FATOS SOBRE AS MINHAS MANIAS DE LEITURA
Aí vai a continuação da minha lista:
21- Não leio bebendo vinho. Para mim isso não faz sentido, na segunda taça você não está mais entendendo porra nenhuma. Prefiro beber água.
22- Nem todo livro te acrescenta alguma coisa. Alguns são apenas entretenimento, e não há nenhum problema nisso.
23- Para mim, quase sempre o livro é melhor que o filme.
24- Tenho dificuldade para ler autores russos porque confundo os nomes dos personagens.
25- Autoajuda só autoajuda os autores de livros de autoajuda.
26- Livro com letra muito pequena não dá.
27- Não marco página usando a orelha do livro porque descaralha o livro todo.
28- Antigamente gostava de ler deitado. Hoje em dia, eu prefiro ler sentado em uma boa poltrona.
29- Fico puto quando me perguntam sobre um livro que eu acabei de ler não faz nem dois meses e não me lembro de nada. Mas acontece.
30- Leio livros de amigos quando me pedem e dou a minha opinião: adorei! Por isso não confio nas opiniões dos amigos sobre os meus livros.
31- Tenho muita dificuldade para sugerir livros. Acho o meu gosto meio maluco e fico com medo da pessoa não gostar do livro. Mas acabo sugerindo.
32- Não gostava de receber livros de presente, achava que só eu sabia os livros que eu queria ler, e que eu mesmo deveria comprar. Mas mudei de opinião, hoje em dia gosto de receber livros de presente, é uma maneira de mudar de ares.
33- Adorava comprar livros em sebos. Hoje em dia não consigo saber se tenho ou não o livro e acabo comprando livros repetidos.
34- Como não tenho saído de casa para ir a livrarias por conta da pandemia de coronavirus, andei lendo muitos e-books. Estou me adaptando e gostando.
35- Na verdade, e-books são bons para levar em viagens. O kindle não ocupa espaço.
36- Qual é a melhor hora do dia para ler? Não sei, de manhã , de tarde e de noite.
37- Muitas vezes depois de velho a gente passa a gostar de uma comida que odiava quando jovem. O gosto muda. Com os livros é assim também.
38- Não leio todos os livros que compro. Nem todos os livros que ganho de presente. E confesso que também não leio todos os livros de amigos que vem com dedicatória.
39- Volta e meia entro em devaneios enquanto estou lendo alguns trechos mais densos e não tenho ideia do que li. As vezes volto e leio de novo, mas outras vezes apenas sigo em frente.
40- Conheço algumas pessoas que só leem livros de Não Ficção. Já eu acho que Ficção é fundamental.
20 FATOS SOBRE AS MINHAS MANIAS DE LEITURA
Não precisa concordar nem discordar, são só algumas manias que reparei que tenho sobre livros e leituras:
1- Leio de 4 a 6 livros por mês.
2- Leio 2 ou 3 livros ao mesmo tempo: um de ficção, os outros dois de não ficção, mas tem que ser de assuntos diferentes.
3- Assuntos preferidos: Romances, história, literatura, cinema, filosofia, biografias, ciências, humor… Acho que são esses os mais lidos, mas leio qualquer porra que por um minuto tenha me interessado.
4- Não posso passar na frente de uma livraria que entro. Antes da pandemia ia mais de uma vez por semana a uma livraria. Estou sentindo falta disso.
5- Compro uns 5 livros por mês. As vezes passo desse número. Tenho tentado diminuir a minha ânsia compradora.
6- Leio cerca de 70% dos livros que compro.
7- Os meus livros estão catalogados.
8- Gosto de emprestar livros. Minha política é: devolveu, leva outro. Não devolveu, não tem mais.
9- Preciso de silêncio para ler. Televisão e música me atrapalham. Mas consigo ler em aeroportos, rodoviárias e salas de espera.
10- Tem uma porrada de livros que li e que não lembro mais nada. Mas se já li, mesmo que há muito tempo, dificilmente leio de novo. Estou tentando mudar isso e reler alguns livros mais importantes.
11- Não dobro a ponta das páginas para marcar onde parei a leitura. Uso marcador de livros ou qualquer papel que esteja perto.
12- Não faço anotações nos livros, não sublinho trechos, não faço nenhum tipo de rabisco em nenhum livro.
13- Quase não leio livros de poesia. Queria mudar isso.
14- As vezes abandono a leitura de alguns livros. Mas já teve caso de retomar a leitura e gostar do livro. Dificilmente abandono depois de ter lido a metade do livro.
15- Livros muito grosso tem que se garantir. Se o livro é muito grande, as vezes paro a leitura e retomo algum tempo depois.
16- Toda vez que viajo para o exterior, principalmente países de língua inglesa ou espanhola, prometo que não vou comprar muitos livros, mas acabo trazendo toneladas de livros.
17- Acho que compro livros todas as semanas.
18- Se o capítulo é muito grande e eu quero parar a leitura, paro no primeiro parágrafo da página par.
19- Gente que dobra a capa do livro, como se ele fosse um caderno, arrebentando com a encadernação tem o meu total desprezo.
20- Acho estranho demais pessoas que leem em pé, ou pior ainda: andando!
E o pior é que a lista não acabou…
A VIDA NA PANDEMIA
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