A moda de falar TODES para incluir todes es genêres, em vez de ser inclusiva acaba sendo exclusiva. Porque se temos o TODOS, O TODAS e agora o TODES, como é que ficam o TODIS e o TODUS? Por que o Todis e o Todus ficaram de fora? Quer dizer, de foro, ou melhor, de fore?
Assim como a gente brincava da língua do P quando éramos crianças, alguns adultos querem brincar da língua do E. Assim todes es pessoes podem ser incluídes nes converses porque todes es gêneres estãe representades nesse palavre. O problema é que quase ninguém entende o que eles falam. Opa! O eles ficou no masculino mesmo tendo um “e”! Tá, então elxs nãe entendem.
Pois é, também existe a língua do X. É nela que se encontram os amigxs. Mas amigxs também acaba excluindo. Onde é que ficam todas as outras consoantes? Por que só o “x” pode fazer parte dxs suxs amizadxs? E os amigbs, amigcs, amigds, amigfs e todo o resto, onde é que ficam?
E ainda tem a língua do @. Quem chama de amig@s, também acaba criando um problema de gênero, mesmo sem querer, já que o arroba não é tão neutro quanto parece. O @ é escrito com um “a” dentro de um círculo, portanto os orrobas (“o” dentro de círculos) estão excluídos. O certo para se manter neutro seria usar um erroba (“e” dentro de um círculo). Para não falar dos irrobas e urrobas.
Mas tudo isso não me parece ajudar em nada na luta contra o preconceito, acaba sendo uma tremenda forçação de barra. Aliás, Forçação é uma palavra tão forçação de barra que tem dois cês cedilhas. Ou cê cedilhes, cê cedilhxs e cê cedilh@s.
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PALAVRAS FORA DE MODA
A minha geração, pessoas que nasceram no final dos anos 50, início de 60, conviveu com algumas palavras que a galerinha hoje em dia praticamente não conhece. Eu , por exemplo, durante toda a infância e adolescência tive que ouvir que era um IMPRESTÁVEL. Era só não fazer alguma tarefa em casa , o que , confesso que acontecia bastante e lá vinha um “que menino IMPRESTÁVEL!”
Outra palavra que me acompanhou pela infância foi ESGANADO. Eu era muito ESGANADO. Era só a travessa de bife ser posta na mesa , que eu atacava e lá vinha: “Deixa de ser ESGANADO!”
Outra palavrinha muito usada naquela época era ATENTADO. Mas não no sentido atual, ligada a bombas e terrorismo, que naquela época isso não era muito comum. ATENTADO era o menino que era muito levado. “Que menino ATENTADO!” , era a frase que os jovens que aprontavam mais escutavam. Bom, eu não fui um menino ATENTADO, mas ESGANADO E IMPRESTÁVEL eu fui.
E hoje em dia um presidente IMPRESTÁVEL, muito ATENTADO e ESGANADO por se reeleger provoca um ATENTADO contra a saúde pública.
É SÓ UM PROBLEMINHA
Eu morro de medo de diminutivos.
Aqui no Brasil, se o cara mete um “inho” ou “inha”, pode ter certeza que você está na merda.
É coisa de brasileiro, que acha que se colocar diminutivo nas palavras, elas amansam, perdem a força e o problema está resolvido.
Aqui não existe problemão, é tudo só um probleminha.
E eu tenho pavor de probleminhas.
Se é só um probleminha, para que fazer alguma coisa? Deixa rolar, que vai passar.
Se vai demorar um instante, tudo bem, mas se é só um instantinho, ferrou!
Se o produto é caro, ok, mas se é carinho pode ir abaixando as calças.
Se você chega na porta do restaurante lotado e pergunta ao porteiro quanto tempo vai demorar e ele diz: “Ah, é rapidinho!”, é melhor tentar outro restaurante para não morrer de fome.
Dez minutinhos demora infinitamente mais do que dez minutos.
Quilinhos são muito mais pesados do que quilos.
O bebum que vai tomar só uma cachacinha é um sério candidato a uma Perda Total.
Se é só uma dívida, dá para pagar, mas se é uma dividazinha provavelmente será impagável.
Se o médico disser que você vai sentir só uma dorzinha, se prepara para se entupir de analgésicos.
Quando o ministro da economia anuncia uma inflaçãozinha é hora de cortar custos porque o bicho vai pegar.
O Brasil é cheio de diminutivos. E eu cada vez mais odeio eles.
Pudemos ver o poder do diminutivo na sua plenitude quando Bolsonaro chamou a covid de gripezinha.
E o pior é lembrar que o mandato dele dura só mais dois aninhos.
NOVO DICIONÁRIO DE BRASÍLIA
Confira algumas novas palavras que surgiram em Brasília nos últimos tempos.