– Onde o senhor estava?
– No trabalho, benzinho. Eu falei pra você que ia passar o carnaval todo enfurnado na empresa trabalhando.
– Mentira! Eu liguei pra lá e ninguém atendeu.
– A gente não tinha tempo nem pra atender telefone. Era muito trabalho.
– A gente quem?
– Eu e o Decio.
– Ele ficou trabalhando com você?
– Ficou. Pode ligar pra ele e confirmar.
– Eu vou ligar mesmo. Mas não vou ligar pra ele. Vou ligar pra mulher dele.
…
– E aí, ligou?
– Liguei. O Decio foi pego.
– Foi?
– E aceitou a delação premiada. Vai abrir o jogo todo.
– Que merda! Bom, já que ele vai me entregar mesmo, eu vou abrir o jogo: eu não fui trabalhar, fui pro bloco mesmo, enchi a cara…
– Meu Deus, eu não acredito. Sozinho?
– Não, com o Decio. Ele não foi pego pela mulher dele?
– Não. ele foi pego pela polícia. Estava envolvido no escândalo da Petrobras.
– Foi isso que a mulher dele falou?
– Foi.
– Caraca!
– E o senhor pode fazer as suas malas, seu safado! Eu quero o divórcio e vai ser caro, viu?
– Por que você quer se separar?
– Por quê? Você ainda pergunta por quê? Por causa das vagabundas!
– Que vagabundas?
– Que você pegou no bloco!
– Eu? Eu não estava no bloco não!
– Mas você confessou!
– Não. Eu estava com o Decio.
– Fazendo o quê?
– Ah, sei lá… roubando a Petrobras.
DESCULPA DE CARNAVAL

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